Maceió em Movimento

A arte no DNA do alagoano Eliezer Setton

Filho do Gringo do Samba, Setton Netto, artista é uma das referências do forró e da cultura de Alagoas

Por Lívia Tenório 23/06/2025
A arte no DNA do alagoano Eliezer Setton
Cantor Eliezer Setton abriu noite do são João Massayo (Foto: Lívia Tenório)

“De onde menos se espera, quase nada pode vir”, disse Eliezer Setton em sua música O momento se faz canção. Mas de onde se espera algo, o que pode vir? Nascido na capital alagoana, o forrozeiro carrega a arte em suas veias. Filho de Salomão Setton Neto, Rei Momo do carnaval de Maceió por 19 anos, Eliezer teve o privilégio de crescer cercado por aquilo que faz seus olhos brilharem até hoje.


“A minha herança genética no forró veio do papai, ele cantava bastante. E a voz melódica puxei da minha mãe, dona Terezinha, que cantava maravilhosamente. Tínhamos uma radiola na sala e lá ouvíamos de tudo, Jamelão, Elza Soares, Ary Lobo… e violão aprendi a tocar com mamãe, que começou a fazer aulas e passou pra gente”, relembrou.

Aos 19 anos, Eliezer passou a aventurar-se no mundo das composições e já no ano seguinte participou do seu primeiro festival de música, o que resultou em sua primeira composição gravada, chamada Desesperança. Apesar de eclético, foi na música nordestina que o artista segue colhendo os frutos mais doces, onde compôs canções para artistas que são amados em todo o país . Dentre seus diversos intérpretes estão Elba Ramalho, Toninho Rodrigues, Dominguinhos, Gláucio Costa e a banda Mastruz com Leite.

Mas como nem só arte vive o homem, o cantor tem outra paixão, que também veio de seu pai. Seu amor pelo CSA já é conhecido pelos alagoanos, principalmente pelos torcedores azulinos. Compôs músicas que viraram hit na torcida, fez viagens longas com o elenco e tem presença cativa em jogos de todas as séries. “Quando criança eu ia ao estádio e gostava de ficar atrás da trave do goleiro adversário, para poder ver o CSA marcar”, relembrou.

Atualmente, o alagoano está firme e forte com a orquestra Som do Nordeste. Lá, ele criou um laço com o maestro Rony Ferreira, e juntos dividiram o palco do São João de Massayó neste domingo (22). “Já vínhamos trabalhando juntos, mas foi a primeira vez em uma festa de São João. Mas o trabalho continua e em agosto vamos representar nossa cultura em um festival em Manaus”, disse.

O festival que Eliezer mencionou, trata-se do Amazonas Green Jazz Festival, que reúne grandes nomes do jazz nacional e mundial. A parceria entre o cantor e a orquestra rendeu a aprovação em terceiro lugar no edital da Fundação Nacional de Artes (Funarte), no Nordeste. Além do grupo alagoano, o evento conta com a presença de Ivan Lins, Luciana Souza e do norte americano, Robby Ameen Quintet.

O artista explica que caiu de paraquedas orquestra, mas não pretende sair nem tão cedo. “O diferencial para mim é que quando cuido do meu show com a minha banda, quem trabalha sou eu, mas com o Rony é ele quem, literalmente, carrega o piano. Chego no horário para ensaiar, dou um palpite aqui outro ali e as coisas vão fluindo”, brinca.

Resenhas à parte, a troca entre eles tornou-se algo tão ímpar, que hoje Eliezer sequer enxerga Rony apenas como um parceiro de trabalho. “Nós vivenciamos a música em um só espírito. Não somos uma dupla porque somos um só, então vamos juntos construir nossa história na música alagoana”, finaliza o artista.

Setton disponibilizou para o público seu acervo em forma de portfólio on-line em 2022. O site conta com sua biografia, discografia e uma lista dos intérpretes de suas composições ao longo de sua trajetória. Confira clicando aqui.

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