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Eleição do PT em Minas tem candidatura de deputada barrada por direção nacional

Dandara concorria com apoio de Reginaldo Lopes e enfrentava o grupo da tesoureira Gleide Andrade, aliada de Gleisi Hoffmann

Por Agência O Globo - 24/06/2025
Eleição do PT em Minas tem candidatura de deputada barrada por direção nacional
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A disputa pela presidência do diretório estadual do PT em Minas Gerais ganhou novos contornos nesta segunda-feira (23), após a direção nacional do partido barrar a candidatura da deputada federal Dandara Tonantzin. A justificativa oficial foi uma dívida de campanha de R$ 130 mil que, segundo o partido, não teria sido quitada. A deputada, no entanto, afirma que o valor foi devolvido automaticamente pelo banco e que não percebeu o problema técnico.

A decisão provocou forte reação entre aliados da parlamentar, que acusam uma manobra política para enfraquecer a ala ligada ao deputado federal Reginaldo Lopes, principal fiador da candidatura de Dandara. Lopes trava uma disputa interna com o grupo da atual tesoureira nacional do PT, Gleide Andrade — mineira com forte influência sobre a estrutura partidária e aliada próxima da presidente nacional Gleisi Hoffmann.

Gleide tenta se manter no cargo estratégico da tesouraria na nova composição da direção nacional, prevista para o final deste ano. Segundo interlocutores petistas, ela atua nos bastidores para garantir maioria entre os presidentes estaduais, incluindo o de Minas, como forma de assegurar sua permanência.

No mês passado, ela teria negociado esse espaço com o ex-ministro Edinho Silva, favorito para assumir a presidência nacional do partido, após a desistência do vice-presidente Washington Quaquá. Com o apoio da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB) a Edinho, a posição nos estados se tornou peça-chave para a consolidação do acordo.

Em Minas, aliados de Dandara afirmam que sua exclusão da disputa enfraquece a democracia interna do partido e afirmam que irão pedir recurso.

— Acreditamos na justiça. Um erro técnico bancário não pode impedir a nossa democracia interna e a livre escolha do nosso próximo presidente do partido — afirmou Reginaldo Lopes.

A decisão da executiva nacional provocou desconforto e troca de farpas entre lideranças mineiras. Em grupos de WhatsApp, o deputado federal Rogério Correia — que apoia a deputada estadual Leninha para a presidência do PT-MG — chegou a comemorar a saída de Dandara da disputa. Reginaldo Lopes, por sua vez, se queixou da postura do correligionário a interlocutores, reeditando uma rivalidade antiga entre os dois.

No ano passado, após as eleições municipais, o racha veio a público. Após ser derrotado na disputa pela prefeitura de Belo Horizonte, Correia criticou Lopes por ter apoiado o candidato do PSD, Fuad Noman, ainda no primeiro turno e o classificou como “porta-voz do ‘PT de centro’”.

A rusga nunca foi superada e segue influenciando os bastidores da eleição interna em Minas.