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Emocionado, Kim Jong-un presta rara homenagem pública aos soldados norte-coreanos mortos na Ucrânia

Depois de negar por meses o envio de tropas para apoiar as forças russas, o regime norte-coreano agora busca transformar a participação no conflito em símbolo de vitória

Por Agência O Globo - 01/07/2025
Emocionado, Kim Jong-un presta rara homenagem pública aos soldados norte-coreanos mortos na Ucrânia
(Foto: )

Em uma demonstração inédita, o líder da , , prestou homenagem aos soldados do país mortos durante a guerra da Rússia com a Ucrânia, colocando as mãos sobre seus caixões e visivelmente emocionado. Trata-se de um raro reconhecimento público de que suas forças armadas sofreram fatalidades no conflito.

Veja:

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O evento, realizado no East Pyongyang Grand Theatre, no último domingo reuniu apresentações de artistas norte-coreanos e russos, além de imagens celebrando o pacto de defesa mútua firmado por Kim e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, em Pyongyang, em junho do ano passado.

Fotografias de Kim parado em frente a uma fileira de meia dúzia de caixões envoltos na bandeira da Coreia do Norte foram exibidas em uma telão durante uma apresentação, para marcar o primeiro aniversário de um tratado militar entre o Norte e a Rússia.

As cenas que mostravam o líder norte-coreano e os restos mortais de soldados vieram após imagens de tropas de ambos os países agitando suas bandeiras. Uma das fotos, segundo o jornal britânico Guardian, mostrou páginas de um caderno manchado de sangue, que se acredita ter pertencido a um soldado norte-coreano recuperado de um campo de batalha, na região russa de Kursk.

De acordo com a agência de notícias Yonhap, da Coreia do Sul, as mensagens no caderno diziam: “O momento decisivo finalmente chegou” e “Vamos lutar bravamente esta batalha sagrada com o amor e a confiança ilimitados que nos foram concedidos por nosso amado Comandante Supremo” — uma referência a Kim.

Em abril, Putin e Kim confirmaram pela primeira vez o envio de tropas norte-coreanas, descrevendo-as como “heróis”. Kim também anunciou que um monumento será construído em Pyongyang para homenagear os soldados e flores serão depositadas diante das lápides daqueles que morreram — um marco do reconhecimento público do regime sobre suas baixas em combate.

Entenda:

A agência de notícias estatal KCNA informou que o evento inspirou confiança nos “laços de amizade e na genuína obrigação internacionalista entre os povos e exércitos dos dois países, que foram forjados à custa de sangue”.

Símbolo de vitória

Depois de negar por meses o envio de tropas para apoiar as forças russas na guerra, o regime norte-coreano agora busca transformar a participação no conflito em símbolo de vitória.

— A Coreia do Norte provavelmente queria enquadrar os soldados mortos não apenas como sacrifícios, mas como parte de uma narrativa de vitória — analisou Hong Min, pesquisador sênior do Instituto Coreano para Unificação Nacional, em entrevista à Yonhap. — A filmagem parece ter sido divulgada depois que os dois países reconheceram o envio de tropas e declararam o sucesso da operação conjunta para recuperar a região de Kursk.

Imagens transmitidas pela televisão estatal norte-coreana KRT mostraram Kim, que pareceu emocionado em alguns momentos, sentado ao lado da ministra da Cultura russa, Olga Lyubimova, e de sua filha, Kim Ju-ae. Segundo o Korea Herald, foi a primeira vez que a mídia estatal mostrou imagens de soldados enviados à Rússia que podem ser vistas por cidadãos norte-coreanos.

Estima-se que a Coreia do Norte enviou cerca de 15 mil soldados para lutar na guerra desde o outono passado, com cerca de 4.700 baixas, incluindo 600 mortes. A agência de inteligência de Seul indicou recentemente que novos envios podem ocorrer em julho ou agosto.

Além dos soldados, Pyongyang também forneceu grandes quantidades de munição, projéteis de artilharia, mísseis balísticos e outras armas para Moscou, em troca de armas, tecnologia de satélite e assistência econômica do Kremlin.