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CPI do INSS: PL deve deixar Flávio Bolsonaro de fora e escalar Rogério Marinho em colegiado
Marinho ainda disputa a vaga na CPI do INSS com Izalci Lucas

O PL deve escalar o senador Rogério Marinho (RN), que é secretário-geral do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, como membro titular da CPI do INSS. Marinho disputa a vaga que cabe ao PL do Senado no colegiado com o também senador Izalci Lucas (DF), que é líder da oposição no Congresso. A informação foi confirmada pelo líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ). Ao senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-mandatário, deve caber a vaga do partido na CPI do Crime Organizado. Neste colegiado, o senador Magno Malta (ES) também pediu a vaga.
Flávio é presidente da Comissão de Segurança da Casa e vê a participação na CPI do Crime Organizado como "mais estratégica" para a sua atuação no Congresso. Bolsonaro conta com Rogério Marinho na CPI do INSS como uma espécie de "cabeça pensante" do partido, em suas participações. Visto internamente como bom articulador e dono de um perfil moderado, ele agrada tanto ao ex-presidente, quanto ao presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto.
Como O GLOBO mostrou, o PL vive disputas por vagas na CPI do INSS, tanto no Senado, quanto na Câmara. Fora da relatoria da CPI do INSS, que deverá ficar a cargo de um deputado do Centrão, o partido quer escalar para o colegiado deputados com número elevado de seguidores nas redes sociais, em uma tentativa de desgastar o governo com cortes de vídeos. Dirigentes e congressistas da legenda avaliam que, nas mãos de um deputado de centro, dificilmente um relatório final do colegiado vai pedir indiciamentos que possam ampliar as turbulências para o Palácio do Planalto após as fraudes.
Desta forma, o partido de Bolsonaro vê que a única maneira de desgastar o governo Lula com a CPI é através do "controle da narrativa". Isto poderia ser feito através de cortes feitos para as redes sociais, o que deve pautar a escolha dos membros do partido.
Mesmo após o pedido do PL, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), já sinalizou a aliados que vai indicar como relator um deputado com o perfil considerado “equilibrado”. Para driblar esse “veto”, o líder do partido na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), deve contemplar os parlamentares que têm maior alcance nas redes sociais, como os deputados Nikolas Ferreira (MG), Bia Kicis (DF), Marco Feliciano (SP) e André Fernandes (CE).
No total, o partido terá direito a seis vagas pela Câmara no colegiado — três titulares e três suplentes. Uma das suplências, entretanto, será cedida ao Partido Novo, por acordo. Logo, sobram cinco vagas para 16 parlamentares que pediram assento.
— Tem muitos pedidos na mesa. Diante disso, eu tenho três opções: ou eu mesmo decido, ou faço um sorteio, ou recorremos à estratégia de escolher quem tem mais seguidores, que permitirá o compartilhamento dos momentos de questionamentos no colegiado, o que permitirá o controle da narrativa. Fora isso, sem a relatoria, a CPI já nasceria morta. Precisamos jogar luz sobre essas fraudes aos aposentados — afirma Sóstenes.
Das cinco vagas do PL, duas devem caber aos autores do requerimento da CPI, os deputados Coronel Fernanda (MT) e Coronel Chrisóstomo (AM).
Em sua página no Instagram, por exemplo, Nikolas concentra quase 18 milhões de seguidores e, por isso, é visto como o parlamentar mais "midiático" da bancada do PL. Bia Kicis tem mais de 2 milhões, com influência sobre o eleitorado feminino e conservador. Feliciano supera 3 milhões, com influência sobre o eleitorado religioso, enquanto André Fernandes é visto como um parlamentar capaz de "furar" a bolha no nordeste, com compartilhamentos entre os seus 2.5 milhões de seguidores.
Vìdeos feitos por parlamentares bolsonaristas já conseguiram abalar a popularidade do governo Lula, recentemente. Em janeiro, Nikolas foi responsável por fazer críticas às regras anunciadas na época pela Receita Federal sobre o monitoramento de transações financeiras, incluindo o Pix. O parlamentar mineiro semeou a dúvidas: ele reconhecia que a medida não implicava diretamente em taxação, mas disse achar que as pessoas seriam tributadas no futuro. Também falou sobre a possibilidade de trabalhadores informais de baixa renda serem prejudicados no momento da declaração do Imposto de Renda.
A bola de neve que virou a repercussão negativa da medida motivou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a chamar ministros às pressas ao Palácio do Planalto e revogar a normativa da Receita. Além de dúvidas, a ampliação do monitoramento gerou uma onda de notícias sobre uma taxação do Pix, o que o texto nunca estabeleceu.
O vídeo teve mais de 100 milhões de visualizações.