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Alarmes contra fraudes no INSS foram desligados durante governo Lula, diz ministro da Previdência
Segundo Wolney Queiroz, o governo escancarou o esquema, no entanto, fraudes cresceram porque alertas internos foram “silenciados” e não chegaram à pasta

O ministro da Previdência, Wolney Queiroz, disse, nesta sexta-feira (dia 11), que os mecanismos de alerta para fraudes em descontos associativos no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) foram desativados no início do atual governo. De acordo com ele, sinais internos que deveriam acionar a pasta sobre possíveis irregularidades foram neutralizados dentro do próprio Instituto, o que impediu que os sinais de fraude chegassem ao ministério.
Descontos indevidos:
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— Os alarmes foram desligados em 2023 e 2024. Os alarmes foram desligados. O que significa isso? Que os pontos de atenção que poderiam dar o alarme para o ministério (da Previdência) foram propositalmente neutralizados. São pessoas, mas não vou dizer quem são as pessoas. — afirmou o ministro, que acrescentou que os responsáveis eram de dentro do INSS.
Wolney Queiroz citou que mecanismos de controle e alerta do INSS falharam ao ser questionado sobre a explosão nos casos de fraudes entre 2023 e 2024, apesar das fraudes terem se iniciado antes, em 2019, durante o governo do então presidente Jair Bolsonaro.
Durante a manhã, o ministro da Previdência participou de sabatina durante o 20º Congresso da Abraji, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. A mesa contou com os jornalistas Bruno Pires, da revista piauí e Luiz Vassalo, do Metrópoles, com a analista política Basília Rodrigues.
Durante a sabatina de uma hora e meia, o ministro blindou o Ministério da Previdência da responsabilidade sobre as fraudes no INSS, com o argumento de que a pasta não foi informada pelos órgãos internos do instituto sobre os indícios de irregularidades. Segundo ele, o INSS possui corregedoria, ouvidoria, auditoria e controle interno próprios, e essas estruturas têm autonomia em relação ao ministério. Wolney alegou que as informações sobre os indícios de fraude “não chegavam”.
Apesar de reconhecer que os “alarmes” internos do INSS foram neutralizados durante os anos iniciais do atual governo, o ministro reforçou a linha adotada pelo Palácio do Planalto de que as fraudes são anteriores à gestão Lula, que foi a responsável por descobrir o esquema.
'Virar a chave'
Sobre os responsáveis no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) por “desligar” os mecanismos de controle, o ministro evitou citar nomes, mas indicou que havia “cinco ou seis servidores de carreira” entre os envolvidos. Ele chegou a mencionar o então procurador-geral do INSS, Virgílio Filho, e o ex-diretor de benefícios do órgão, Vanderlei Barbosa dos Santos. Ambos foram afastados após a deflagração da Operação Sem Desconto, que investiga fraudes bilionárias no órgão.
— As pessoas que foram afastadas, que eram o procurador-geral (Virgílio Filho) e o diretor de benefícios (Vanderlei Barbosa dos Santos), que são pontos-chaves do INSS que precisavam dar esses alertas — afirmou Queiroz, que avaliou que ambos devem ser intimados para a CPI que irá tratar das fraudes. — Eu tenho certeza que a CPI vai convocar essas pessoas.
O início dos trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) deve ser no segundo semestre. A expectativa é que o colegiado seja presidido pelo senador Omar Aziz (AM). Para Queiroz, a investigação no Congresso será uma oportunidade do governo “virar a chave”.
O ministro da previdência lembrou que a prática de desconto em folha para associações de aposentados foi autorizada por lei em 1991 e disse que o sistema funcionou bem até 2018, mas começou a apresentar falhas entre 2019 e 2022, quando surgiram entidades com “finalidade exclusiva de fraude”. Segundo ele, foi nessa época que o “ladrão entrou em casa”,.
— O estado brasileiro falhou — completou o ministro, que assumiu o cargo no lugar de Carlos Lupi, ao fazer um balanço da fraude.— Eu digo que o estado falhou porque nunca se fez uma conferência da lista dos aposentados que permitiam desconto em folha. O INSS nunca conferia essas folhas e tomava verdade os dados das associações.
No comando da Previdência desde maio, Wolney Queiroz assumiu a pasta após a saída de Carlos Lupi, de quem era o número dois como secretário-executivo. Ele participou da reunião do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) em junho de 2023, quando foi feito o primeiro alerta formal sobre irregularidades nos descontos associativo. Ao citar o encontro, durante a sabatina, Queiroz disse ter presumido que os dirigentes do INSS tomariam as providências necessárias.