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Da ficção para a realidade: famílias seguem exemplo da Consuelo, de 'Vale tudo', e dividem despesas com filhos

Decisão da personagem de fixar uma contribuição financeira mensal para seus filhos, Daniela e André, pegou de surpresa até o marido

Por Agência O Globo - 13/07/2025
Da ficção para a realidade: famílias seguem exemplo da Consuelo, de 'Vale tudo', e dividem despesas com filhos
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Na casa da família da personagem Consuelo, da novela "Vale tudo", as tarefas domésticas são divididas por todos. E a decisão de personagem de fixar uma contribuição financeira mensal para Daniela e André — que pegou de surpresa até o marido — levantou o debate: como incluir filhos adultos, que trabalham e ainda moram com os pais, na divisão das despesas? Apesar da decisão da personagem ter surpreendido, na vida real essa prática já é uma realidade para muitas famílias.

CNU 2025:

Descontos indevidos:

O porteiro Daniel e a diarista Waléria Silva, de 57 e 54 anos, respectivamente, vivem com os filhos Thiago, de 33, e Gabriela, de 26, no Campinho, na Zona Norte do Rio. Nunca houve uma abordagem tão direta sobre a necessidade de os dois contribuírem com as contas de casa, mas é assim que funcionam as finanças da família desde que eles começaram a trabalhar, ainda como jovens aprendizes.

— Foi iniciativa deles. A princípio, fiquei até assustada em como o tempo passa rápido, mas, ao mesmo tempo, muito orgulhosa de saber que eles tinham essa consciência de que somos pobres e, se todo mundo trabalha, todo mundo pode ajudar. Aqui, o dinheiro é coletivo para as necessidades coletivas — diz Waléria.

O orçamento da família já teve muitas composições diferentes. A divisão é fluida, conforme a necessidade e a capacidade de cada um. Thiago foi o primeiro, entre os filhos, a pegar contas de casa para pagar. Atualmente, a participação de Gabriela é maior, já que ela é analista de Marketing, e o irmão, que mudou de área profissional, ocupa uma vaga de estágio.

— Na pandemia, meu pai ficou desempregado, e eu era estagiária. Dava meu salário inteiro para os meus pais e não ficava nada para mim. A delimitação de como cada um ajuda vai mudando. Agora, eu dou R$ 500 de forma fixa, mas também vou ao mercado e ajudo em outras necessidades ao longo do mês — conta Gabriela.

Ela considera o movimento natural e fruto de uma educação na qual os pais sempre trataram as finanças de forma aberta e honesta:

— Tenho amigos cujas finanças das famílias se resumem aos pais, e eles não sabem quanto os pais ganham. Na minha, nunca foi tabu. Quando meus pais têm alguma dificuldade, eles falam. E, se eles veem que os filhos estão gastando com bobagens, mesmo sendo o nosso dinheiro, aconselham. A gente também fala, se eles pensam em algo que não é necessário: "Por que não deixa para trocar esse móvel depois?".

Parceria e sinceridade para manter a harmonia

Lucas Costa, de 23 anos, começou a contribuir com as contas de casa ainda como estagiário, em 2022. Ele mora com a mãe, recepcionista, e com a tia, que cuida da casa. Na época, passou a destinar metade da remuneração ao pagamento da luz, da internet e de parte das compras do mês.

— Quando minha avó faleceu, em 2014, minha mãe ficou sobrecarregada. Quando comecei o estágio, me ofereci para pagar algumas contas — conta Lucas, que hoje é assistente administrativo.

Ele assistiu à cena de Consuelo cobrando a participação financeira dos filhos ao lado da mãe, Lourdes, de 46 anos, e os dois aprovaram a atitude.

— Achei muito top. Nunca precisei pedir ao meu filho, mas esperava que ele oferecesse. Quando comecei a trabalhar, meus pais também não me cobraram, mas eu ajudei — conta Lourdes, que completa: — A gente divide tudo. Se alguém não consegue pagar, avisa. Conversamos e nos ajudamos. Minha irmã faz a lista do mercado, e meu filho vai às compras, já que chego tarde do trabalho. Até nas tarefas a gente se apoia.

Cena também repercute nas redes

A decisão de Consuelo também gerou debate nas redes. Alguns usuários apoiaram a iniciativa, enquanto outros se mostraram contrários à ideia de cobrar dos filhos uma contribuição financeira para a casa.

Teve ainda quem reagisse com receio diante da possibilidade de dividir as despesas da casa. Confira: