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Lula diz que vai 'cobrar imposto das empresas americanas digitais'
Presidente ainda chamou Trump de 'gringo' e disse que não aceitará suas ordens

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar, nesta quinta-feira (dia 17) Donald Trump pelas tarifas de até 50% impostas a produtos brasileiros. Em discurso no 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes (Conune), Lula classificou a medida como uma afronta à soberania do Brasil e afirmou que irá responder com a cobrança de impostos sobre empresas digitais norte-americanas.
— O Brasil tem 201 anos de relações diplomáticas com os EUA e um déficit comercial de US$ 410 bilhões em 15 anos. Não aceitamos a ideia de o presidente mandar um e-mail dizendo que, se não liberarmos o Bolsonaro, vai aplicar uma tarifa de 50%. Vamos responder como democratas: não aceitamos que ninguém se meta nos nossos assuntos internos — disse.
Lula ainda criticou diretamente Trump, a quem se referiu como “gringo”, e citou sua origem humilde:
— Eu comi pão pela primeira vez com sete anos de idade. Não é agora que vou aceitar ordem de gringo. Ele [Trump] disse “não quero que as empresas americanas, as empresas de plataforma, sejam cobradas no Brasil”. O mundo tem que saber que esse país só é soberano porque o povo é soberano tem orgulho desse país. Eu queria dizer pra vocês que a gente vai julgar e cobrar imposto das empresas americanas digitais.
Críticas a militares e Bolsonaro
O presidente também voltou a comentar o inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe após as eleições de 2022:
— É a primeira vez que temos generais de quatro estrelas presos por tentarem dar um golpe, com insinuações de que precisavam matar Lula, Moraes e meu vice. Não tiveram coragem. Essa gente vai ser julgada, e quem está julgando são os ministros — afirmou.
Lula ainda disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deve ser responsabilizado pela condução da pandemia de Covid-19:
— Ele ainda vai ser processado pela Covid, pelas mortes causadas pela irresponsabilidade dele. Agora está pedindo apoio dos Estados Unidos. Quem abraça a bandeira americana é um patriota falso. Bolsonaro que transfira o título para lá e vote nos EUA.
Soberania e educação
O evento da UNE, intitulado “O Brasil se une pela soberania”, reuniu cerca de três mil pessoas, segundo estimativa da entidade. O ministro da Educação, Camilo Santana, também defendeu a soberania nacional e a justiça tributária:
— Precisamos de justiça tributária. Os ricos têm que pagar mais, os pobres menos. Assim teremos mais recursos para a educação. E precisamos lutar pela soberania. É injustificável a chantagem que Trump está fazendo — disse.
A visita ocorre em território politicamente adverso ao governo. Goiás é governado por Ronaldo Caiado (União Brasil), aliado da direita e cotado como possível presidenciável em 2026. Em Goiânia, Bolsonaro venceu no segundo turno das eleições de 2022 com 63,95% dos votos.
Na entrada do evento, houve um princípio de confusão entre estudantes e um apoiador de Bolsonaro, que vestia uma camiseta com o rosto do ex-presidente. O bolsonarista foi empurrado, e a discussão foi contida por policiais.