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Financiamento para construção de imóveis cai 63% e ameaça novos lançamentos, diz Cbic

Projeção de novos empreendimentos e serviços encerrou mês de julho no segundo menor patamar do ano

Por Agência O Globo - 28/07/2025
Financiamento para construção de imóveis cai 63% e ameaça novos lançamentos, diz Cbic
(Foto: CEF36 22-07-10 SÃO PAULO - IMOVEIS FINANCIAMENTO IMOBILIARIO PARA AUTONOMOS - Banco agencia da Caixa Economica Federal na Av. Paulista, 1842 - FOTO DANIEL TEIXEIRA/AE)

O crédito destinado à construção imobiliária registrou queda de 62,9% nos primeiros cinco meses de 2025 em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo balanço divulgado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) nesta segunda-feira.

Segundo dados da Cbic, o número de unidades habitacionais financiadas com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) diminuiu de 65,1 mil para 24,1 mil em um ano. O montante financiado também teve queda de 54,1%, despencando de R$ 15,5 bilhões para R$ 7,1 bilhões.

A Cbic atribui essa retração a um conjunto de fatores no cenário econômico, com juros elevados, inflação persistente e incertezas no ambiente fiscal

A SBPE tem como função financiar o crédito para a produção de imóveis. A freada na concessão acontece em meio a um cenário em que a Selic, taxa básica de juros, está estabelecida no alto patamar de 15%. O Comitê de Políticas Monetárias (Copom) do (BC) deve manter a Selic no mesmo nível na reunião desta quarta-feira.

A economista-chefe da Cbic, Ieda Vasconcelos, ressaltou que o custo geral da construção civil, tanto de insumos, quanto de mão de obra, vem subindo acima da inflação nos últimos anos.

Com isso, bancos preferem oferecer créditos para financiamento de imóveis prontos, e não sua construção.

— Esse aumento está desde 2020. O custo da construção aumentou mais de 54,41%, enquanto o da inflação no mesmo período foi de 37,5% — disse a economista em coletiva nesta segunda.

Apesar disso, o setor vive bom momento, e ultrapassou a marca de 3 milhões de empregos formais pela primeira vez desde 2014. A expectativa é de que a construção mantenha a atividade alta apresentada no primeiro semestre e alcance a projeção de crescimento de 2,3% neste ano.

Ieda Vasconcelos, no entanto, ressalta que isso deve acontecer devido principalmente pelos projetos e contratos que já foram firmados para este ano.

— Estamos vivenciando o reflexo do que foi lançado nos últimos dois anos [2023 e 2024]. Se o atual ambiente de juros elevados persistir, há risco de desaceleração mais acentuada a partir de 2026 — disse a economista.

O estudo divulgado nesta segunda, alerta para as perspectivas de novos lançamentos no setor neste ano. Segundo a Cbic, a projeção de novos empreendimentos e serviços “pesar de ainda positivas, encerraram mês de julho no segundo menor patamar do ano, o que gera preocupação, especialmente no médio e longo prazo.”

A entidade aponta que é preciso ter novos investimentos para que haja um “processo contínuo de crescimento” na construção.

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