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Trump altera tarifas recíprocas para vários países, e Brasil segue o mais taxado

Além disso, as taxas só começarão a valer a partir do dia 7 de agosto, sete dias depois do prazo anunciado anteriormente

Por Agência O Globo - 01/08/2025
Trump altera tarifas recíprocas para vários países, e Brasil segue o mais taxado
Donald Trump (Foto: Divulgação)

O presidente Donald Trump manterá uma tarifa mínima global de 10%, enquanto importações de países com superávit comercial em relação aos EUA enfrentarão tarifas de 15% ou mais, anunciou a Casa Branca nesta quinta-feira. As novas sobretaxas começarão a ser cobradas em 7 de agosto, sete dias após a data inicialmente anunciada.

Este atraso tem como objetivo dar tempo para que as alfândegas se preparem, informou um alto funcionário americano a jornalistas.

No final, as importações de cerca de 40 países enfrentarão a nova taxa de 15% e os produtos de cerca de uma dúzia de economias serão atingidos por impostos mais altos, seja porque chegaram a um acordo ou porque Trump lhes enviou uma carta estabelecendo unilateralmente impostos de importação. O último grupo tem os maiores superávits comerciais de bens com os EUA.

No caso do Brasil, a tarifa recíproca foi mantida em 10%. No entanto, o decreto de Trump, assinado ontem, estabeleceu uma sobretaxa de 40% para um série de produtos brasileiros exportados para os EUA. Com isso, a tarifa total para o Brasil é de 50%.

A declaração foi divulgada pela Casa Branca apenas algumas horas antes da meia-noite, o prazo estabelecido por Trump no mês passado após adiar, pela segunda vez, a implementação de tarifas específicas por país, com o objetivo de dar espaço às negociações.

A reação do mercado foi contida nas primeiras horas de negociação na Ásia, indicando que os investidores não se surpreenderam com o anúncio de Trump. O dólar canadense e o rand sul-africano apresentaram pouca variação, enquanto o baht tailandês teve uma leve queda. O franco suíço recuou discretamente.

Espera-se que os mercados acionários aceitem bem o anúncio, já que parte da incerteza comercial se dissipou, mas os ganhos ainda serão limitados, disse Shane Oliver, diretor de investimentos da AMP em Sydney.

“A realidade é que ainda veremos tarifas mais altas do que antes do dia da Libertação e começaremos a ver algum impacto econômico disso nos próximos meses. Ainda há incerteza sobre a China, o México foi adiado por mais 90 dias e os detalhes sobre as tarifas setoriais também ainda estão por vir”, disse Oliver.

O anúncio encerra, pelo menos por enquanto, meses de espera para ver como Trump definiria suas tarifas baseadas em países, que ele anunciou como a peça central de seu plano para reduzir os déficits comerciais e reviver a indústria americana.

Trump adiou duas vezes suas chamadas tarifas recíprocas, anunciadas pela primeira vez em abril, para dar tempo às negociações, primeiro depois que os mercados entraram em pânico e depois quando governos estrangeiros negociaram para obter melhores condições dos EUA.

Outros detalhes ainda estão por vir, incluindo as chamadas “regras de origem” para decidir quais produtos são reexportados ou encaminhados por outro país e, portanto, enfrentariam taxas mais altas, disse um alto funcionário dos EUA. A decisão será tomada nas próximas semanas, de acordo com um funcionário do governo.

Em um decreto separado, Trump cumpriu sua ameaça de aumentar as tarifas sobre as exportações do Canadá, um dos maiores parceiros comerciais dos EUA, de 25%. Essa mudança exclui os produtos abrangidos pelo pacto comercial americano que ele negociou em seu primeiro mandato.

Isso contrastou com a prorrogação de 90 dias que o México recebeu para negociar um acordo melhor.

Espera-se que as taxas mais baixas de 10% se apliquem a uma ampla gama de economias, principalmente pequenas e médias, com as quais Trump demonstrou pouco interesse em negociar.

O alto funcionário dos EUA disse que ainda não há data para a implementação das taxas tarifárias revisadas para automóveis. Trump anunciou acordos com a União Europeia, o Japão e a Coreia do Sul para reduzir as tarifas sobre suas exportações de veículos de 25% para 15%.

Uma grande exceção ao prazo desta semana é a China, que enfrenta um prazo até 12 de agosto para que sua trégua tarifária com os EUA expire. O governo Trump sinalizou que é provável que ela seja prorrogada. Nenhuma decisão final foi tomada, mas as recentes negociações entre os EUA e a China em Estocolmo foram positivas, disse o funcionário.

A Casa Branca também divulgou separadamente uma lista de tarifas sobre importações de uma série de outros parceiros comerciais que ainda não haviam finalizado acordos comerciais.

Um alto funcionário do governo dos EUA, que falou sob condição de anonimato, disse a repórteres na quinta-feira que os países foram divididos em três grupos:

10% para aqueles com os quais os EUA têm superávit comercial em bens;

Cerca de 15% para países com os quais os EUA fecharam acordos ou possuem déficit modesto;

tarifas mais altas para os países com os quais os EUA têm grandes déficits e que não chegaram a um acordo.

Ainda serão divulgados mais detalhes, incluindo informações sobre tarifas mais altas aplicadas a certos produtos que são reexportados (ou "transshipment", ou seja, enviados através de outro país), segundo o mesmo funcionário.

Trump cumpriu a promessa de aumentar as tarifas sobre exportações do Canadá — um dos maiores parceiros comerciais dos EUA — de 25% para 35%, com efeito a partir desta sexta-feira. Essa mudança exclui os produtos que estão cobertos pelo acordo de livre comércio entre EUA, México e Canadá, negociado por Trump em seu primeiro mandato.

Em um informativo, a Casa Branca afirmou que “ao impor tarifas sobre países com práticas comerciais não-reciprocas, o presidente Trump está incentivando a manufatura em solo americano e defendendo nossas indústrias”.

Em uma declaração na noite de quinta-feira, o presidente Donald Trump disse que alguns países “concordaram, ou estão prestes a concordar, com compromissos comerciais e de segurança significativos com os Estados Unidos”, enquanto outros não se envolveram em negociações com os EUA ou “ofereceram termos que, na minha opinião, não abordam suficientemente os desequilíbrios em nossa relação comercial ou não se alinharam suficientemente com os Estados Unidos em questões econômicas e de segurança nacional”.

Algumas das tarifas recíprocas ajustadas mais altas que a Casa Branca anunciou esta noite:

Síria: 41%

Laos, Mianmar: 40%

Suíça: 39%

Iraque, Sérvia: 35%

Argélia, Bósnia e Herzegovina, Líbia, África do Sul: 30%

União Europeia (UE), Japão e Coreia do Sul estarão sujeitos a 15%.

Além disso, Washington aumentou em 5%, para 15%, os encargos para Costa Rica, Bolívia e Equador, e manteve intactos os previstos em abril para Venezuela (15%) e Nicarágua (18%).

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