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Jaé opera com integração com metrô e outros modais, mas prefeitura admite desafios na transição

No primeiro dia do novo sistema, linhas integradas ao metrô operaram sem falhas em Botafogo, na Zona Sul, mas usuários relataram dúvidas sobre tipos de cartão e uso no MetrôRio; prefeitura promete ajustes nos próximos dias

Por Agência O Globo - 02/08/2025
Jaé opera com integração com metrô e outros modais, mas prefeitura admite desafios na transição
(Foto: )

No primeiro dia de — novo sistema de bilhetagem que substitui o Riocard nos transportes municipais do Rio — passageiros que embarcaram em ônibus das linhas integradas ao metrô relataram experiências positivas. No entanto, dúvidas sobre gratuidades do novo cartão no sistema metroviário persistem. Apesar dos problemas, o vice-prefeito Eduardo Cavalieri afirmou que a prefeitura já esperava contratempos no início da transição e garantiu que ajustes estão em andamento.

Jaé:

Jaé obrigatório estreia:

Na movimentada Rua Nelson Mandela, no coração de Botafogo, Zona Sul do Rio, ônibus das linhas 309, 538, 539, 548, 583 e 584 param enfileirados diante da entrada da estação do metrô. São essas as linhas que substituíram o antigo metrô de superfície e agora fazem parte da integração tarifária com o metrô usando o novo cartão Jaé. Para quem usa esse trajeto, a boa notícia é que o sistema está funcionando.

A estudante Pâmela da Silva Machado, de 25 anos, aprovou a experiência. Ela embarcou num ônibus 548, que faz a rota Terminal Alvorada, na Zona Oeste, até o Terminal do metrô de Botafogo. A linha, mais o metrô que ela pegou, custou R$ 7,90 — valor reduzido pela integração.

— Foi tudo certo. O Jaé está funcionando e a integração deu certo nessas linhas — contou Pâmela, satisfeita com a economia.

O novo sistema de bilhetagem também tem sido um aliado para visitantes da cidade. O programador Lucas Moura, de 25 anos, e sua namorada, Willyane da Silva, de 22, professora de balé, vieram de Natal, no Rio Grande do Norte, para uma estadia de onze dias no Rio. Hospedados em Botafogo, fizeram o Jaé virtual pelo aplicativo assim que chegaram à cidade, e usam o cartão para circular com facilidade.

— Foi muito prático. Não moramos aqui, mas conseguimos fazer o Jaé rapidinho no celular. Já usamos no metrô e vamos usar no VLT no Centro também — contou Lucas.

E as gratuidades Jaé no metrô?

Apesar dos acertos, muitos passageiros ainda enfrentam dúvidas — especialmente em relação aos diferentes tipos de cartões e seus usos. A estudante Manuela Firmino, de 17 anos, do Colégio Estadual Infante Dom Henrique, em Copacabana, ficou confusa na hora de passar pela catraca do metrô de Botafogo neste sábado. A caminho de um passeio na Feira da Glória, ela segurava dois cartões nas mãos, sem saber qual deles funcionaria.

Manuela tem o Jaé Laranjinha, feito pela escola, que dá gratuidade nos ônibus municipais. Porém, esse cartão não é aceito no metrô. Sem saber disso, a estudante optou por comprar, por fora, o Jaé preto recarregável, vinculado ao seu CPF, e usou esse para acessar a estação. Mais tarde, descobriu que não precisaria ter feito isso.

Segundo o MetrôRio, Manuela tem direito ao cartão de gratuidade estudantil do próprio metrô, que pode ser solicitado pela escola em que estuda. Com ele, teria acesso liberado ao sistema metroviário, sem necessidade de carregar ou comprar outro cartão.

— Eu não sabia disso. Vou pedir esse cartão na escola. Acabei gastando do meu bolso para recarregar o Jaé preto — lamentou a estudante.

A mesma situação, mas já resolvida, foi vivida por Kátia Bezerra, de 69 anos, moradora da Tijuca. Ela utilizou seu cartão de gratuidade para idosos do metrô e entrou na estação sem dificuldades — sem precisar mostrar identidade ou apresentar o Jaé laranja, como acontece com muitos passageiros que ainda desconhecem as especificidades do sistema.

Durante a apresentação do Plano Estratégico da cidade, em que a Prefeitura do Rio lançou hoje para 2025-2028, o vice-prefeito Eduardo Cavalieri reconheceu os desafios do novo modelo de bilhetagem, mas disse estar confiante no projeto.

— Estamos felizes com o Jaé. Sabemos das questões atuais, mas já tínhamos dito que teríamos problemas iniciais. É uma transição com três milhões de pessoas, então demanda um tempo até acertarmos tudo — afirmou.

A prefeitura monitora o fim de semana para avaliar os pontos positivos e negativos e preparar os ajustes necessários para a próxima semana.

— Segunda-feira também será difícil, mas estaremos de olho para arrumar os pontos negativos o mais breve possível. Nessa primeira etapa do Jaé, nosso objetivo é ter o controle das informações do transporte. Mas tenho certeza que até o final do mês já teremos uma experiência bem melhor do que a desse fim de semana — completou Cavalieri.

Entenda como são as integrações:

Metrô + BRT: passageiros que embarcarem ou desembarcarem no metrô nas estações de Vicente de Carvalho (Linha 2) ou Jardim Oceânico (Linha 4) pagam R$ 9,70 na integração com o BRT, independente da renda. Sem a integração, os passageiros pagariam R$ 12,60.

Metrô + ônibus municipal (antigo metrô de superfície): os passageiros das linhas 309, 538, 539, 548, 583 e 584, que passam por Botafogo, Praça Antero de Quental e Gávea, que substituíram o metrô de superfície, pagam apenas a passagem do metrô, de R$ 7,90.

Metrô + van: os usuários das vans que atendem Rocinha e Vidigal, pagam R$ 8,80 na integração com o metrô.

Metrô + transportes intermunicipais: há dois casos para os passageiros que fazem viagens intermunicipais: quem ganha menos de R$ 3.205,20, e possui o benefício do Bilhete Único Intermunicipal, que oferece desconto nas passagens; e quem ganha mais de R$ 3.205,20 e usa o RioCard Mais, pagando o valor cheio das passagens. Veja abaixo como vai funcionar a integração.

Com Bilhete Único Intermunicipal (BUI): os benefícios estaduais, como o Bilhete Único Intermunicipal (BUI) e a Tarifa Social continuarão sendo oferecidos exclusivamente por meio do cartão RioCard. Com eles, os passageiros pagam valores reduzidos de R$ 5 no metrô e nos trens e R$ 4,70 nas barcas.

Ou seja, o usuário do Bilhete Único Intermunicipal pode continuar usando o cartão RioCard para os transportes intermunicipais e municipais, no validador do RioCard. Assim, a integração com o metrô segue o padrão atual:

Metrô + trem: R$ 8,55.

Metrô + ônibus intermunicipal: R$ 8,55.

Metrô + barcas: R$ 8,55.

Sem Bilhete Único Intermunicipal (BUI):

Se a pessoa usar o RioCard Mais para o transporte intermunicipal, mas não for beneficiária do Bilhete Único (quem tem salário maior que R$ 3.205,20), deverá ter os dois cartões: o RioCard para o ônibus intermunicipal, e o Jaé para circular nos ônibus e demais modais municipais, pagando duas tarifas cheias