Notícias
O que muda com o tarifaço de Trump sobre produtos brasileiros? Saiba quais setores serão afetados
Quase 700 itens ficaram de fora do tarifaço, mas setores como café, carnes e frutas terão taxa extra de 50% cobrada em exportações para os Estados Unidos

O tarifaço americano de 50% sobre produtos brasileiros entra em vigor nesta quarta-feira, e a medida deve afetar diretamente itens de comida, segundo cálculos do governo do presidente Luiz Inácio da Silva.
A ordem executiva assinada pelo presidente americano estabeleceu uma tarifa adicional de 40% sobre produtos do Brasil, somando-se aos 10% anunciados em abril e elevando o total da tarifa para 50%.
Entre os itens que ficaram de fora da cobrança extra, estão artigos essenciais para o mercado americano, como aviões da Embraer, peças aeronáuticas (como turbinas, pneus e motores), suco de laranja, castanhas, vários insumos de madeira, celulose, ferro-gusa, minério de ferro, equipamentos elétricos e petróleo.
Estas exceções correspondem a 44,6% das exportações brasileiras para os Estados Unidos, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Setores afetados
No entanto, alguns dos principais itens da pauta de exportação brasileira, como café, cacau, carne bovina, frutas, têxteis, calçados e móveis ficaram de fora da lista de produtos que não terão tarifa adicional.
Segundo o MDIC, 35,9% das exportações brasileiras serão diretamente atingidas pela sobretaxa. Em 2024, estes itens corresponderam a US$ 14,5 bilhões das exportações brasileiras.
Outros 19,5% (US$ 7,9 bilhões) já estão sujeitos a tarifas específicas aplicadas a todos os países, como as de 25% para autopeças e automóveis e de 50% para aço, alumínio e cobre, previstas na Seção 232 por motivos de segurança nacional.
O Brasil exportou quase US$ 2 bilhões em café para os EUA em 2024. O Cecafé Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) prevê impacto direto nos preços do produto.
Enquanto isso, segundo a Associação Brasileira de Indústria do Café (Abic) afirma que 34% do café consumido nos Estados Unidos vem do Brasil.
Os EUA são o segundo maior destino da carne bovina brasileira, que embarcou 532 mil toneladas para o mercado americano no ano passado, o que correspondeu a 16,7% do volume exportado, e US$ 1,6 bilhão em receita, segundo a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo). A Minerva, por exemplo, que o tarifaço pode reduzir em até 5% sua receita líquida.
Segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), o mercado brasileiro de carnes pode perder US$1 bilhão na venda de carne bovina para os Estados Unidos.
No caso das frutas, a alta da tarifa pode comprometer a competitividade de mangas, uvas e açaí, segundo a Abrafrutas, que alertou para os “graves impactos” diante do tarifaço. Segundo a associação, estes itens representam 90% do total exportado para os EUA.