Notícias
Remédios falsificados estão sendo misturados com opioides que são 40 vezes mais fortes que o fentanil nos EUA
Dados federais estimam que isso já tenha causado a morte de mais de 2 mil pessoas no país

Recentemente, uma droga sintética mais de 40 vezes mais potente que o fentanil está sendo cada vez mais introduzida em comprimidos falsificados que os consumidores acreditam serem medicamentos legítimos, como Xanax (alprazolam) ou oxicodona, nos Estados Unidos, de acordo com informações do Daily Mail. Dados federais estimam que isso já tenha causado a morte de mais de 2 mil pessoas no país.
Esses compostos chamam nitazenos. Eles foram desenvolvidos na década de 1950 como analgésicos opioides, mas nunca chegaram ao mercado devido ao risco extremamente alto de overdose. Além de serem mais potentes que o fentanil, são cerca de 100 vezes mais potentes que a morfina.
No entanto, nitazenos foram encontrados em pelo menos 4.300 apreensões de drogas conduzidas por autoridades policiais desde 2019. Eles são frequentemente misturados a outras drogas falsificadas ou ilegais, incluindo comprimidos opioides, heroína, fentanil e metanfetamina, e agora, a medicamentos.
No início deste ano, Lucci Reyes-McCallister, de 22 anos, morreu após tomar o que acreditava ser um comprimido de Xanax. O texano não fazia ideia de que o medicamento falso continha um tipo de nitazeno 25 vezes mais letal que o fentanil.
Apenas seis meses depois, seu amigo Hunter Clement, de 21 anos, sofreu o mesmo destino após ingerir outro medicamento falsificado contendo nitazenos. Em ambos os casos, várias doses de Narcan, nome comercial do cloridrato de naloxona, o agente de reversão de overdose de opioides, não foram suficientes.
Existem dezenas de versões modificadas de nitazenos, com níveis variados de potência. A potência também varia entre os lotes, dependendo do tipo de análogo de nitazeno que compõe os medicamentos, e a mistura irregular significa que um comprimido pode ter uma dose letal enquanto outro tem quase nenhuma.
Comparados ao fentanil, os análogos butonitazeno e etodesnitazeno são de 25 a 50% mais potentes, enquanto o isotonitazeno (ISO) é de cinco a 10 vezes mais potente. As variantes mais extremas, N-pirrolidino protonitazeno e N-pirrolidino etonitazeno, são até 25 vezes mais potentes e até 43 vezes mais potentes, respectivamente.
De 2020 a 2021, o Tennessee registrou um aumento notável nas mortes relacionadas ao nitazeno. Foi o primeiro grupo de mortes ligado à droga sintética que o país viu e chamou a atenção dos Centros de Controle e Prevenção de Doencas (CDC). As overdoses fatais saltaram de 10 para 42.
A maioria dessas mortes envolveu múltiplas substâncias, incluindo fentanil e metanfetamina. A ISO foi responsável pela maioria das mortes relacionadas ao nitazeno. De maio de 2024 a 2025, agentes da DEA de Houston, Texas, relataram 15 mortes por overdose de nitazeno em pessoas com idades entre 17 e 59 anos.
Acredita-se que as matérias-primas químicas para a fabricação desses medicamentos falsificados venham da China e da Índia. As empresas químicas locais conseguem sintetizar os compostos em larga escala em um processo relativamente fácil de três ou quatro etapas antes que a substância seja contrabandeada para o Reino Unido, Europa e EUA. Nos EUA, a Agência Antidrogas (DEA) teria apreendido mais de 4 mil nitazenos entre 2019 e 2024.
Os nitazenos frequentemente escapam à detecção em testes toxicológicos padrão, o que os faz passar despercebidos por autoridades de saúde pública e médicos legistas. Essa falta de visibilidade atrasa as respostas da saúde pública. ,
A overdose de nitazeno pode levar a sintomas graves e fatais, incluindo respiração lenta ou superficial, o que indica depressão respiratória, uma característica da toxicidade por opioides.