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Barra da Tijuca registra dois atentados em cinco dias; ataques ocorreram a quatro quilômetros de distância
Em pouco mais de um mês, três crimes com o mesmo modus operandi foram registrados, com criminosos disparando contra veículos das vítimas. Uma pessoa morreu

Em um intervalo de cinco dias, a Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, foi palco de dois atentados. Neste domingo, Tiago Silva Pereira, de 37 anos, foi baleado depois que o carro em que estava foi atingido por ao menos 15 disparos na Avenida Jornalista Tim Lopes. Perto dali, a cerca de quatro quilômetros, um crime semelhante ocorreu menos de uma semana antes. André Luis Brasil Gomes, de 49 anos, foi morto ao estacionar o automóvel na Rua Carlos Oswald, na última terça-feira. O veículo tinha marcas de ao menos dez tiros.
Atentados a bicheiros:
De novo:
No mês passado, o bicheiro Vinícius Drumond teve o carro metralhado com 30 tiros também na Barra da Tijuca. O crime aconteceu no dia 11 de julho. Ele conseguiu escapar sem ferimentos graves. Após a investigação do caso, a polícia já prendeu três suspeitos de participarem do atentado.
Na época, o GLOBO ouviu um pesquisador para entender o motivo da Barra da Tijuca ser cenário frequente de emboscadas. Na entrevista, apontou que o primeiro fator é geografia do bairro, marcada por grandes avenidas e vias largas, favorecem a fuga após os atentados. Ele também disse que a região tem forte presença de contraventores.
Relembre dez atentados que já aconteceram na região:
Em 1998, Paulo Roberto de Andrade, o Paulinho — filho de Castor de Andrade — foi morto com dez tiros na Barra. O ex-PM Jadir Simeone confessou o crime e apontou Rogério Andrade, sobrinho de Castor e primo da vítima, como mandante. A execução marcou o início da guerra entre Rogério Andrade e Fernando Iggnácio, genro de Castor.
Em 2001, Rogério Andrade foi atacado por um fuzileiro naval da reserva na porta do apart-hotel onde sua namorada morava, também na Barra. O agressor confessou que receberia R$ 20 mil para executar o crime, e havia feito contato com Fernando Iggnácio antes da tentativa. A arma falhou e Rogério escapou.
Em 2004, o assassinato de Waldemir Paes Garcia, o Maninho, marcou o início de uma guerra interna na família Garcia. Ele foi morto com tiros de fuzil na Freguesia enquanto estava com o filho Myro, que sobreviveu. A morte de Maninho nunca foi esclarecida.
Em 2010, o ex-chefe de segurança de Rogério Andrade foi assassinado a tiros na orla da Barra. No mesmo ano, uma granada detonou o carro de Rogério no Recreio dos Bandeirantes, matando seu filho Diogo Andrade e um segurança.
Em 2017, o filho caçula de Maninho, Myro, foi sequestrado e assassinado após pagamento de resgate. Ainda naquele ano, Rogério Andrade e sua esposa foram atacados a tiros dentro do condomínio onde moravam.
Em 2019, Shanna Garcia, filha de Maninho, foi baleada na Barra, mas sobreviveu. Após a morte do pai, tornou-se alvo frequente na disputa pela herança.
Em fevereiro de 2020, Alcebíades Paes Garcia, irmão de Maninho, foi fuzilado com cerca de 40 tiros ao chegar ao seu condomínio na Barra. Segundo o Ministério Público, o crime foi encomendado por Bernardo Bello e executado pelo seu braço-direito.
No dia 11 de julho de 2025, a tentativa de execução de Vinicius Drummond, na Avenida das Américas, marcou mais um capítulo dessa guerra.