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Justiça condena integrante da torcida do Peñarol por tumulto ocorrido em praia da Zona Oeste Rio

Confusão com direito a cenas de violência e a crimes como roubo e incêndio de veículos, aconteceu horas antes da partida entre Botafogo e o time uruguaio, em outubro de 2024

Por Agência O Globo - 19/08/2025
Justiça condena integrante da torcida do Peñarol por tumulto ocorrido em praia da Zona Oeste Rio
(Foto: )

Pouco mais de nove meses após um tumulto envolvendo torcedores do Clube Atlético Peñarol, na orla da Praia do Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio, quando motocicletas foram incendiadas e um quiosque acabou sendo depredado e teve dinheiro do caixa roubado, o juízo da 41ª Vara Criminal da Capital do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, condenou a uma pena de seis anos e três meses de prisão o uruguaio Ruben Ezequiel Rodrigues Acuna. Ele é um dos integrantes da torcida organizada do Peñarol.

Caos no Recreio:

Botafogo x Peñarol:

Ruben é o único dos 21 torcedores presos, no dia 23 de outubro de 2024, que continua atrás das grades. Acuna também é o primeiro do grupo citado a ser condenado pelos delitos de associação criminosa com emprego de arma e corrupção de menores. Os advogados Eduardo Benfica e Roger Gomes, que defendem os uruguaios, já entraram com um recurso de apelação, pedindo, entre outras coisas, que o regime de cumprimento da pena seja o de semiaberto e não o fechado, como foi estabelecido pelo juiz. 

Até agora, outros 15 torcedores ainda respondem por crimes relacionados ao tumulto que aconteceu na Praia do Recreio dos Bandeirantes. Dez deles tiveram as medidas cautelares suspensas e foram autorizados a voltar para o Uruguai, onde se encontram atualmente. Cinco estão em liberdade, no Brasil. Impedidos de deixar o país, eles usam tornozeleira eletrônica. Os demais foram inocentados ou obtiveram a extinção da punibilidade.

Semifinal da Libertadores:

O tumulto aconteceu em um quiosque da Avenida Lúcio Costa, na altura do Posto 12, no Recreio dos Bandeirantes, horas antes da partida entre Botafogo e Penãrol pela disputa do primeiro jogo das semifinais da Copa Libertadores da América. Segundo denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro(MPRJ), durante a confusão, Ruben Ezequiel teria incentivado a participação de um torcedor adolescente que o acompanhava em atos de violência contra os funcionários do estabelecimento comercial e demais pessoas que passavam pelo local, arremessando pedras, garrafas, cadeiras, mesas, caixas de cerveja, entre outros objetos.

Entenda:

Em um despacho, o juiz da  41ª Vara Criminal da Capital informou detalhes da sentença e da denúncia feita pelo MPRJ para instruir o julgamento, em instância superior, sobre um pedido de habeas corpus, feito pela defesa de Ruben Ezequiel Rodrigues Acuna. " O denunciado, de forma livre e consciente, em comunhão de ações e desígnios com o adolescente associou-se a outros inúmeros indivíduos, todos pertencentes à torcida organizada do 'Clube Atlético Peñarol', para o fim específico de cometer diversos crimes, notadamente os delitos de roubo, incêndio, dano qualificado, injúria racial e rixa. Os denunciados, integrantes da torcida organizada do 'Clube Atlético Peñarol', compunham verdadeira associação criminosa, cujos membros mantinham vínculo prévio, estável e duradouro entre si, voltado especificamente para a prática de crimes. Além disso, aquela associação criminosa atuava mediante emprego de armas, na medida em que seus integrantes portavam armas de fogo, facões, pedaços de ferro e de madeira, instrumentos que foram efetivamente utilizados na prática dos delitos perpetrados pelo bando. ... Ocorre que, por volta das 15h, teve início uma discussão acalorada entre os integrantes da associação criminosa e os funcionários do referido estabelecimento comercial, pois o bando dizia que não pagaria pelos produtos consumidos. Neste ínterim, um grupo de torcedores do Clube Botafogo passou pelo local, circunstância que reforçou os desígnios criminosos por parte daqueles indivíduos, intensificando as agressões. Com efeito, o denunciado, o comparsa adolescente e outros integrantes da associação criminosa começaram a praticar atos de violência contra os funcionários do quiosque e demais pessoas que passavam pelo local, arremessando pedras, garrafas, cadeiras, mesas, caixas de cerveja, entre outros objetos. ...Note-se que o acusado não só incendiou uma motocicleta, mas sim várias, com diversos comparsas, os quais agrediam policiais, proprietários das motocicletas e outras pessoas, tudo na intenção de assegurar a empreitada criminosa. Por fim, em razão do concurso material de crimes (artigo 69 do Código Penal), as penas foram somadas e restaram aplicadas em 06 (seis) anos e 03 (três) meses de reclusão e pagamento de 13 (treze) dias-multa", escreveu o juiz em diferentes trechos do documento.

Na ocasião, câmeras de segurança registram a confusão. A polícia foi chamada e houve confronto entre os agentes e os torcedores. Bombas de efeito moral chegaram a ser utilizadas e o grupo foi contido e obrigado a se sentar no chão da orla da praia do Recreio, próximo ao posto 12. Um ônibus da PM foi direcionado para o local para transportar os torcedores até a Cidade da Polícia. Além dos envolvidos na situação, a corporação apreendeu uma arma de fogo.

Durante a confusão, um ônibus que transportava torcedores uruguaios também foi queimado.

Os detidos foram impedidos de assistir à partida entre Botafogo e Penãrol. Todos acabaram sendo levados para a Cidade da Polícia, no Jacaré, na Zona Norte, onde todos foram autuados em flagrante por uma série de crimes.