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Saiba quem foi Sther Barroso, jovem espancada até a morte por traficante em baile funk no Rio

Segundo a família, Sther não tinha ligação com o crime; ela foi brutalmente espancada e deixada, já sem vida, na porta de casa, na Vila Aliança, após se recusar a ficar com chefe do tráfico

Por Agência O Globo - 19/08/2025
Saiba quem foi Sther Barroso, jovem espancada até a morte por traficante em baile funk no Rio
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“Vai ser o melhor ano da minha vida, eu profetizo!”. A frase, escrita em um dos cadernos de metas pessoais de Sther Barroso dos Santos, de 22 anos, , traduzia a esperança de um futuro que ela planejava com entusiasmo. Os objetivos para 2025 eram simples, mas cheios de significado: concluir a autoescola, fazer três cursos, adotar um cachorro, manter a disciplina nos treinos de academia e agradecer a Deus todos os dias. Entre os desejos, também estava o de ver o irmão em liberdade e de ser usada “para o bem".

Jovem espancada até a morte em baile funk

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Esses planos, que agora ficam como testemunho dos sonhos interrompidos de uma jovem, foram brutalmente atravessados pelo crime que tirou sua vida na madrugada de domingo. Sther foi assassinada após ser agredida em um baile funk na comunidade da Coreia, em Senador Camará, na Zona Oeste do Rio. Segundo familiares, a jovem foi espancada depois de se recusar a sair do evento com um traficante apontado como chefe da região.

Conquistas interrompidas

Antes da tragédia, Sther vivia um período de conquistas pessoais. Tinha iniciado o processo para tirar a carteira de habilitação e se preparava para se mudar para um novo apartamento. Para os parentes, esse recomeço simbolizava a vitória sobre dificuldades enfrentadas pela família, que havia deixado o Muquiço, também dominado pelo tráfico, após serem roubados. A jovem trabalhava como atendente em uma lanchonete e fazia planos de mudar a realidade dela e da família.

Nas redes sociais, a irmã da jovem compartilhou mensagens de dor que ressaltam o tamanho da perda. “Minha irmã tinha sonho de ser mãe de menino, tinha sonho de casar. E agora o que faço da minha vida sem você?”, escreveu em uma das publicações.

"Entregaram minha irmã desfigurada e sem vida. Ele acabou com a vida da minha irmã no local em que estávamos refazendo a nossa vida. Tirou a vida da minha irmã. Só Deus tinha esse direito", escreveu a irmã de Sther em publicação no Instagram.

De acordo com os familiares, Sther e a família haviam deixado o Muquiço, comunidade onde moravam e chefiada por Coronel, para tentar um recomeço após terem sido roubados. A mudança, de acordo com parentes, simbolizava um novo capítulo de esperança para a jovem.

" Estávamos em paz e felizes. Você (traficante) acabou com a nossa família. Já entregou minha irmã sem vida. Não tivemos tempo de ajudar. Desgraçou a minha família. Inaceitável. Minha irmã tinha sonho de ser mãe de menino, tinha sonho de casar. E agora o que faço da minha vida sem você?" escreveu a irmã em outro desabafo.

Ela contou ainda que havia ajudado Sther a se arrumar para o baile no sábado, onde a jovem iria assistir ao show de um dos artistas que mais admirava.

"Ontem eu estava ajudando ela se arrumar para curtir o show de um dos ídolos dela. Agora tenho que ver a roupa que vou enterrar minha irmã. Inaceitável. Nunca imaginei que isso poderia acontecer ali, onde estávamos refazendo a vida e sendo felizes. Conquistando nossas coisas depois de termos sido roubados onde éramos cria. Conquistamos tudo. Eu não tenho forças para imaginar a dor que minha irmã sentiu, o que passou na mão desse cara. Estou desacreditada completamente. Ela era diferente, especial".

A família relatou também que, um dia antes do crime, Sther havia visitado o irmão preso. Naquela noite, contou à irmã que sonhou estar sendo perseguida e encurralada por homens.

Violência que assusta

Segundo os familiares, depois das agressões, Sther foi deixada inconsciente na porta de casa, na Vila Aliança. Ela chegou a ser levada ao Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, mas já chegou sem vida. A Polícia Civil investiga se o mandante do crime foi Bruno da Silva Loureiro, o Coronel, traficante ligado ao Terceiro Comando Puro (TCP), que acumula uma longa ficha criminal.

A brutalidade do assassinato transformou os sonhos de Sther em um símbolo da violência que atravessa a vida de tantos jovens no Rio. Para quem convivia com ela, ficam as lembranças de uma menina que acreditava em dias melhores, fazia planos simples e desejava apenas viver o futuro que tanto projetava.

Em nota, a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) informou que diligências estão em andamento para apurar os fatos.