Cenas gravadas e 100 homens e mulheres agredidos: o que pesava contra Sean 'Diddy' Combs, agora condenado
Magnata da música americana foi sentenciado a quatro anos e dois meses de prisão
Sean “Diddy” Combs, enfim, foi condenado a 50 meses de prisão — o equivalente a quatro anos e dois meses — na sexta-feira (3). A condenação envolve duas acusações ligadas ao transporte de mulheres para prostituição, mas o processo contra o magnata da música dos Estados Unidos também envolvia outros crimes. Pesava contra o empresário registros de festas regadas a drogas e sexo, além de acusações de violência sexual contra mais de cem pessoas, entre homens e mulheres.
Além da pena de prisão, o juiz Arun Subramanian também impôs uma multa de US$ 500 mil, cerca de R$ 2,6 milhões, o valor máximo permitido pela legislação. A audiência, em Nova York, foi acompanhada em tempo real pelo New York Times. Apesar de as acusações permitirem até 20 anos de encarceramento, a sentença ficou bem abaixo do pedido da promotoria, que defendia ao menos 11 anos.
O empresário já estava preso havia oito meses, respondendo simultaneamente por acusações de violência sexual perante os tribunais civis. Diddy alegava ser inocente, mas ele se declarou na sexta, pedindo desculpas.
Em lágrimas, descreveu sua conduta como “repugnante, vergonhosa e doentia”. O músico pediu desculpas diretamente a Cassie Ventura, ex-namorada que o acusou de agressões, e a Jane, como foi chamada outra mulher que o acusava. “Não tenho ninguém para culpar além de mim mesmo”, declarou. Voltando-se à família, afirmou: “Vocês mereciam algo melhor. Por causa das minhas decisões, perdi minha liberdade, perdi a oportunidade de criar meus filhos com eficiência, perdi meus negócios, minha carreira, e destruí totalmente minha reputação.”
Cenas filmadas
Na defesa, Combs afirmava ter tido apenas relações sexuais consensuais. Seu advogado, Marc Agnifilo, inclusive, argumentou que o cliente levava um estilo de vida “swinger”.
No centro da acusação, que envolve eventos que abrangem um período de 2004 a 2024, está a organização de maratonas sexuais chamadas "freak-offs", alimentadas pelo uso de drogas, nas quais mulheres eram forçadas a relacionamentos de longo prazo com profissionais do sexo.
De acordo com a acusação, Combs "dirigiu" as cenas, que às vezes eram gravadas em vídeo, e podia ser ameaçador ou violento para atingir seus objetivos. O gabinete do promotor federal de Manhattan menciona a existência de cúmplices, sem nomeá-los. Neste caso, Sean Combs será o único réu.
O caso abalou a indústria musical americana, que escapou em grande parte da onda #MeToo, com exceção do astro do R&B R. Kelly, condenado a 30 anos de prisão por crimes sexuais em 2022.
Festas de P. Diddy
Desde a década de 1990, P. Diddy tem sido uma figura central no hip-hop da Costa Leste, ajudando a estabelecê-lo como uma grande força musical.
Conhecido por sua imagem de ostentação, ele costumava dar festas luxuosas frequentadas pela elite do showbiz no litoral de Hamptons, em Long Island, a leste de Nova York. Apesar da reputação violenta, o nativo do Harlem, pai de sete filhos, mantém há muito tempo sua aura no mundo do hip-hop.
Seu julgamento começa, simbolicamente, no mesmo dia da famosa gala no Metropolitan Museum of Art (Met), em Nova York, um encontro social por excelência do qual ele subiu as escadas em 2023, entre dezenas de outras celebridades.
A cantora de R&B Cassie, que estava em um relacionamento com Diddy, será uma das testemunhas mais esperadas no julgamento. Um vídeo divulgado no ano passado pela CNN, captado por câmeras de vigilância, mostrou Sean Combs atacando-a violentamente em 2016 em um hotel de Los Angeles.
Cassie entrou com uma ação civil em 2023, alegando que seu ex-parceiro a submeteu a mais de uma década de violência e a um estupro em 2018. O caso foi resolvido fora da Justiça, mas abriu caminho para uma série de acusações de agressão sexual e estupro.