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Pesquisa mostra que 79% dos alunos no final do ensino médio sofrem algum sintoma de depressão ou ansiedade

Por Agência O Globo - 07/10/2025
Pesquisa mostra que 79% dos alunos no final do ensino médio sofrem algum sintoma de depressão ou ansiedade
Educação, Rede estadual, Alagoas (Foto: Foto: Thiago Ataíde)

Uma pesquisa realizada em cinco estados brasileiros — um de cada região do país — aponta que 79% dos alunos consultados apresentam um ou mais sintomas de depressão e ansiedade e 20,4% indicam que tem se sentido bastante ou totalmente infelizes ou deprimidos. O estudo é realizado pelo Instituto Ayrton Senna em parceria com o Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (CAEd), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Os dados apontam ainda que 38,9% relataram que tem se sentido bastante ou totalmente esgotados ou sob pressão; 33,9% dos entrevistados revelam ter perdido o sono por causa de preocupações; 22,1% indicam que tem perdido bastante ou totalmente a confiança em si mesmo; 22% indicam que tem se sentido bastante ou totalmente incapaz de superar as suas dificuldades; e 7,9% relataram que não estão conseguindo se concentrar em suas tarefas nem um pouco.

— Todos esses relatos nos contam sobre desgastes emocionais. São números que preocupam e que precisamos avaliar com cuidado. Quando falamos de fenômenos complexos, como a saúde mental, falamos que eles são multifatoriais porque eles se conectam com diversos fatores na nossa vida (sem uma causa única) que passa pela nossa relação com a gente mesmo, pelas interações com os outros e pelo contexto em que vivemos, por exemplo — afirma Ana Crispim, Gerente de pesquisa do Instituto Ayrton Senna, doutora em Psicologia pela University of Kent (Reino Unido).

De acordo com ela, esses números refletem problemas como percepções de baixa autoestima, insegurança, e dificuldades de regulação emocional – incluindo as formas se lida com a tristeza, com a ansiedade e com as frustrações e raiva.

— Na vida acadêmica, essas angústias podem incluir preocupações com provas ou avaliações, por exemplo, mas também com a convivência na escola, ou ainda com a vida futura, como pressões e expectativas internas e externas que acontecem próximo do fim do Ensino Médio. Essas vivências podem afetar a motivação, o engajamento e a confiança dos estudantes em suas próprias capacidades — diz.

Já de acordo com Gisele Alves, gerente executiva do eduLab21, laboratório de ciências para educação do Instituto Ayrton Senna, promover saúde mental na escola significa criar um espaço seguro onde aprender e se sentir bem caminham juntos.

— É importante também considerar que os professores são os adultos da escola que passam mais tempo junto dos estudantes, que exercem um papel fundamental no desenvolvimento deles, e que as pesquisas também têm demonstrado que os docentes também enfrentam desafios relacionados à sua própria saúde mental. Portanto, precisamos também estabelecer medidas para que os professores encontrem apoio e espaço para se desenvolverem e para que não fiquem sozinhos nessa interação com os estudantes — diz.

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