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'Jogo político': na reta final de governo mal avaliado, Cláudio Castro perde marqueteiro e chefe de gabinete ameaça sair

Newsletter semanal do jornalista Thiago Prado detalha as baixas no time de estratégia do governador do Rio, trata dos sinais dados por Jair Bolsonaro no ato na Avenida Paulista no fim de semana e recomenda o livro 'Não acredite em tudo que você sente'

Por Agência O Globo - 02/07/2025
'Jogo político': na reta final de governo mal avaliado, Cláudio Castro perde marqueteiro e chefe de gabinete ameaça sair
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Bom dia, boa tarde, boa noite, a depender da hora em que você abriu esse e-mail. Sou o editor de Política e Brasil do GLOBO e nessa newsletter você encontra análises, bastidores e conteúdos relevantes do noticiário político.

Às vésperas de ser julgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no escândalo do Ceperj

A conversa de Vasconcellos com Cláudio em que se definiu o fim da parceria ocorreu no mês passado. O marqueteiro deixa a função sem ter conseguido emplacar uma campanha de comunicação de prestação de contas do mandato que se basearia em vídeos de 15 segundos e de 1 minuto sobre diversos temas com o mote "Antes não tinha, agora tem". Seriam enaltecidas obras como a recuperação do teleférico do Complexo do Alemão, os resultados na apreensão de armas e a redução de tarifas no transporte público. .

Em 2024, o marqueteiro e Castro tiveram uma pequena rusga (já superada) na campanha de Alexandre Ramagem (PL) contra Eduardo Paes

A confiança entre o marqueteiro e o governador havia sido construída após uma bem sucedida campanha em 2022 contra o ex-deputado federal e hoje presidente da Embratur, Marcelo Freixo (PT), e o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT).. Acabou eleito no primeiro turno com facilidade ao atingir 4,9 milhões de votos, quase 60% de eleitorado.

Já Rodrigo Abel indica que deixará o governo porque não foi cumprido o acordo que lhe garantiria uma vaga de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado (TCE). .

Havia, contudo, um acerto verbal entre Abel, Castro e Bacellar para que o conselheiro José Gomes Graciosa antecipasse a sua aposentadoria, prevista para 2029, e abrisse uma nova vaga. . Abel havia dado um prazo para que as movimentações se confirmassem até o fim do mês passado, mas nada aconteceu. Diz a interlocutores que o mês de julho será o último no Palácio Guanabara.

Cláudio Castro gostaria que a dupla Abel-Vasconcellos conduzisse a campanha de Bacellar para governador, mas, nos últimos meses, muitos dos conselhos dados pelos seus estrategistas não vinham sendo seguidos pelo deputado. Os dois sempre defenderam a aproximação, e nunca a briga, com o secretário de Transportes e ex-prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis (MDB), que nos últimos meses vem se aproximando do campo lulista no Rio.

Foi exatamente o oposto do que o presidente da Alerj fez desde segunda-feira, após ver uma foto publicada no Instagram do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), provável candidato a governador contra Bacellar, e Washington Reis. Considerada uma traição, o movimento feito pelo emedebista teve consequências imediatas. .

Neste mês, . Em junho, o presidente da Alerj comandou o Palácio Guanabara enquanto Castro tirou folga no exterior para ver os jogos do Flamengo na Copa do Mundo de clubes. O deputado fez visitas a quase 40 prefeitos em uma semana, movimento que pretende repetir. Há ainda, outra expectativa: a de que demita Washington Reis da secretaria de Transportes durante seu mandato interino e aumente ainda mais a fervura na política fluminense. Bacellar tem ouvido muito o ex-governador Sérgio Cabral para definir seus próximos passos.

Bolsonaro e os novos sinais dados na Avenida Paulista. Afinal, quem será o seu candidato a presidente e quando a decisão será tomada?

A frase "Nem preciso ser presidente", dita por Jair Bolsonaro na Avenida Paulista, no último domingo, quando defendeu que a direita priorize a eleição de "50% da Câmara e do Senado" em 2026, chamou a atenção de todos que ouviram o seu discurso

Nos últimos dias, foram muitos os textos na imprensa e interpretações em "off" de aliados de Jair Bolsonaro após o esvaziado ato em São Paulo. .

A baixa adesão ao movimento foi abordada por Eliane Catanhêde no Estadão. "A força mobilizadora de Bolsonaro está se desmilinguindo a olhos vistos, como do PT e do próprio presidente há muito mais tempo, desde mensalão e petrolão. Não há mais líderes capazes de atrair povo nas ruas, não há mais paixão, crença, confiança (...). Ambos estão sem "povo na rua" e com a militância do avesso. A bolsonarista é cada vez mais anti-Lula do que pró-Bolsonaro; a lulista é mais anti-Bolsonaro do que pró-Lula". Em Veja, Thomas Traumann fez um contraponto: "Isso (o baixo público no ato) não significa que o ex-presidente não seja um líder popular. Ele é, mas apenas quando repete as preocupações reais do seu eleitor, não as suas".

Em abril, o ato bolsonarista no mesmo local alçou o nome de Michelle Bolsonaro como forte possibilidade para ser o nome da direita ao Planalto. Na ocasião, ela havia se destacado pelo discurso contundente e os gestos de aproximação com os filhos do ex-presidente, historicamente distantes da primeira-dama

"A ausência foi vista como um sinal claro de que a ex-primeira-dama jogou a toalha quando o assunto é disputar a Presidência em 2026. O núcleo próximo a Bolsonaro no partido está cada vez mais convencido de que o ex-presidente já definiu que Tarcísio de Freitas disputará a Presidência com seu aval"

O governador de São Paulo foi tema de textos de Maria Cristina Fernandes, no Valor, e Lauro Jardim, no Globo. "Se o ex-presidente não pediu votos para Tarcísio de Freitas, tampouco o governador paulista sinalizou qualquer resposta à condição estabelecida pelo senador Flávio Bolsonaro para o apoio do pai em 2026: o endosso a indulto ou anistia", escreveu Fernandes." O discurso de Tarcísio de Freitas também foi motivo de mau humor entre os aliados próximos do ex-presidente. Explica um aliado de Bolsonaro: 'O Tarcísio ignorou o Supremo e falou muito de passagem da anistia", revelou Jardim.

Recomendo

• "Não acredite em tudo que você sente"

Voltamos a falar de livros ligados a desenvolvimento pessoal e mentalidade (ou autoajuda, a forma convencionar de se chamar este tipo de literatura que a newsletter não gosta tanto por parecer pejorativa)

"Não acredite em tudo que você sente" foi escrito pelo psicólogo Robert L. Leahy, diretor do Instituto Americano de Terapia Cognitiva, em Nova York. Ele já escreveu 29 livros, mas esse certamente é o mais badalado. Talvez por ter um texto muito prático, direto e objetivo sobre como lidar com emoções. Seja em momentos que há total clareza sobre elas (raiva, medo, vergonha...). Seja naqueles momentos em que temos sensações conflitantes internas, as chamadas ambivalências tão comuns no dia a dia (Amar e odiar alguém, querer e não querer uma coisa...).

Há um trecho maravilhoso para jornalistas na página 56. Trata do fenômeno muito comum de profissionais de imprensa que fecham contratos com editoras e não entregam os livros que prometeram.

"Ao longo dos anos, tenho trabalhado com inúmeros editores que me disseram que há pessoas que firmam contratos para escrever livros, mas jamais os escrevem. Frequentemente são pesquisadores acadêmicos brilhantes, que têm alguma coisa importante a dizer, mas não se organizam para colocar em prática. Eles geralmente procrastinam porque não conseguem colocar no papel a coisa exata e correta. Então nada é concluído. Muitas vezes eles esperam para se sentirem inspirados, para se sentirem prontos. Eu disse a um dos meus editores: 'Não entendo, eu achei que eles queriam escrever um livro'. Ele respondeu: 'Eles dizem que querem escrever um livro, mas o que querem dizer é que gostariam de ter um livro escrito".