Quem é Nicolás Jarry, chileno que faz 'clássico sul-americano' em Wimbledon com João Fonseca por vaga nas oitavas

Gigante de 2,01m é especialista em saibro e já perdeu uma temporada por doping; partida será nesta sexta-feira

Por Agência O Globo - 03/07/2025

Na terceira rodada de Wimbledon, o brasileiro João Fonseca terá pela frente um adversário experiente, perigoso e com uma longa tradição familiar no tênis: o chileno Nicolás Jarry Fillol, de 29 anos. O duelo será o primeiro confronto entre os sul-americanos em torneios ATP, nesta sexta-feira, não antes das 10h (de Brasília) na quadra 2 e colocará à prova o talento do carioca de 18 anos contra a força física do tenista que já viveu altos e baixos na carreira.

O gigante de 2,01m de altura tem entre os pontos fortes a potência do saque (que pode passar dos 200km/h) e o estilo agressivo, qualidades que o ajudaram a eliminar o dinamarquês Holger Rune, número 8 do mundo, na primeira rodada, após virada em cinco sets. Na sequência, venceu o americano Learner Tien, número 62, por 3 sets a 0. Atual 143º colocado no ranking da ATP, ele entrou na chave principal de Wimbledon após passar pelo qualifying.

Jarry viveu o auge da carreira nos últimos dois anos. Em maio de 2024, chegou à final do Masters 1000 de Roma, primeira decisão em torneio desse nível, e alcançou sua melhor posição no ranking: 16ª colocação. Em 2023, venceu dois títulos ATP 250 no saibro — um em casa, em Santiago, e outro em Genebra — e chegou às oitavas de final de Roland Garros, seu melhor resultado em Grand Slams.

O chileno vem de uma linhagem ilustre no tênis sul-americano. Seu avô, Jaime Fillol, foi top 20 mundial nos anos 1970. Outros membros da família também fizeram carreira no esporte, como o tio-avô Álvaro Fillol, que se destacou nas duplas, e a tia Catalina Fillol, diretora do ATP 250 de Santiago.

A carreira de Jarry foi posta à prova em 2019. Durante a Copa Davis, ele testou positivo para as substâncias proibidas Ligandrol e Estanozolol. O chileno alegou contaminação cruzada em suplementos produzidos no Brasil. A ITF reconheceu que não houve má-fé, mas puniu o tenista com uma suspensão de 11 meses. Ele só voltou às quadras em novembro de 2020.

Jarry também tem histórico de sucesso no Brasil. Antes da suspensão por doping, ele venceu o Rio Open de 2019 nas duplas, ao lado do argentino Máximo González. A final foi contra a dupla brasileira Thomaz Bellucci e Rogério Dutra Silva.

Apesar das dificuldades recentes na grama — foi eliminado na segunda rodada em Birmingham, 's-Hertogenbosch e Halle, em junho —, Jarry parece ter reencontrado seu melhor jogo no torneio mais tradicional do circuito. Diante de João Fonseca, poderá chegar pela segunda vez a quarta rodada de um Grand Slam.