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Demitido por Bacellar, Washington Reis vai para Caxias e diz que tocará secretaria até a volta de Castro

O agora ex-secretário afirmou que cumprirá agendas pelo menos até segunda-feira (7), quando deve se reunir com o governador, que retorna de uma viagem ao exterior no domingo

Por Agência O Globo - 04/07/2025
Demitido por Bacellar, Washington Reis vai para Caxias e diz que tocará secretaria até a volta de Castro
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Um dia após ser exonerado do cargo de secretário de Transportes do Rio pelo governador em exercício (União), (MDB) foi esta sexta-feira (4) para Duque de Caxias, reduto eleitoral do emedebista, para receber autoridades e tratar de "assuntos de interesse público em geral". Apesar de não confirmar se o encontro é vinculado à secretaria, a assessoria do agora ex-secretário disse que ele pretende ir tocando assuntos da pasta pelo menos até segunda-feira (7).

Análise:

Bacellar x Reis:

Devido ao evento que reúne a cúpula dos Brics na capital fluminense, a Secretaria de Transportes não abriu as portas nesta sexta. Conforme confirmado ao GLOBO pela Secretaria de Comunicação de (PL), o governador retorna da agenda internacional em Portugal no domingo. Até o momento, ele não se pronunciou sobre a exoneração de Reis. A previsão é de que Castro e Reis se encontrem logo no início da semana.

Em entrevista à TV Globo, Reis disse que a decisão de Bacellar não tem valor e que o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) a tomou para "aparecer". Ele afirmou ainda que ouviu do próprio Castro, na noite de quarta-feira (2), que não seria demitido.

— O governador falou: 'Washington Reis, fica tranquilo, vai trabalhar'. E não foi surpresa esse comportamento. Até porque essa assinatura dele não tem valor nenhum. Ele não foi eleito, ele não é governador. O governador está voltando na segunda-feira, tenho uma ótima relação com o governador. Ele fez para aparecer. Se ele botasse uma melancia no pescoço, seria até mais plausível — disse.

Em Caxias, Reis se reuniu nesta manhã com o vice-prefeito do Rio, Eduardo Cavaliere (PSD), no projeto Fazenda Paraíso, voltado para a recuperação de dependentes químicos na cidade. No último domingo, o prefeito (PSD) esteve no local acompanhado do secretário de Transportes e de um dos irmãos dele, o deputado estadual Rosenverg Reis (MDB). Na ocasião, ele definiu Reis como “o professor dos prefeitos” e classificou a iniciativa como “exemplo”.

Exonerado por Bacellar

Washington Reis foi exonerado do cargo nesta quinta-feira (3) no primeiro ato oficial do governador em exercício, Rodrigo Bacellar. O presidente da Alerj justificou sua decisão alegando que o agora ex-secretário é "insubordinado" e que mal fala com ele.

— O motivo é bem simples: eu não posso ter como secretário um secretário que é insubordinado a mim, mal fala comigo. Uma vez assumindo esse posto aqui, preocupado inclusive com o RJ, você imagina só: um acidente agora, por exemplo, na Supervia, nas linhas de trem, e eu não consigo falar com o secretário porque ele é insubordinado a mim, mal fala comigo? Então, não restou outra alternativa senão excluí-lo do governo — afirmou Bacellar, em entrevista à TV Globo.

De olho na própria candidatura ao governo em 2026, Bacellar aproveitou o período como governador em exercício durante a ausência de Castro para publicar a exoneração de Reis, visto como concorrente na próxima corrida estadual.

A demissão ocorre após atritos entre Bacellar e Reis, que tem se aproximado publicamente do prefeito do Rio, Eduardo Paes, possível adversário de Bacellar nas eleições de 2026. Mais de uma vez, em declarações públicas, o emedebista deixou claro que não vai apoiar o presidente da Alerj para o Palácio Guanabara porque tem seus próprios "projetos políticos".

Nesta quinta, o posicionamento oficial do emedebista, frente à sua exoneração do cargo, gerou reações contundentes de apoio por parte da direita. Em um comentário nas redes sociais do emedebista, o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), escreveu que a "soberba precede à ruína", em tom de crítica à atitude de Bacellar. O parlamentar, nome do PL mais alinhado ao bolsonarismo, chamou o interino no governo do Rio de arrogante:

— A soberba precede a ruína. Se o sujeito faz isso sem ter sentado oficialmente na cadeira, imagina se fosse eleito. Política se faz com diálogo e não imposição. A arrogância desse cidadão é monstruosa e ele acha que a força, o dinheiro e cargos são tudo na política. O bom disso tudo é que ele não faz uma autocrítica e seus atos são autoexplicativos. A máscara está caindo cada vez mais. To contigo pra governador — escreveu Jordy.

O líder do Partido Liberal na Câmara, Sóstenes Cavalcante, também manifestou apoio a Reis, referindo-se a ele como "futuro governador":

— Estamos juntos meu futuro governador! — afirmou.