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Demitido por Bacellar, Washington Reis vai para Caxias e diz que tocará secretaria até a volta de Castro
O agora ex-secretário afirmou que cumprirá agendas pelo menos até segunda-feira (7), quando deve se reunir com o governador, que retorna de uma viagem ao exterior no domingo

Um dia após ser exonerado do cargo de secretário de Transportes do Rio pelo governador em exercício (União), (MDB) foi esta sexta-feira (4) para Duque de Caxias, reduto eleitoral do emedebista, para receber autoridades e tratar de "assuntos de interesse público em geral". Apesar de não confirmar se o encontro é vinculado à secretaria, a assessoria do agora ex-secretário disse que ele pretende ir tocando assuntos da pasta pelo menos até segunda-feira (7).
Análise:
Bacellar x Reis:
Devido ao evento que reúne a cúpula dos Brics na capital fluminense, a Secretaria de Transportes não abriu as portas nesta sexta. Conforme confirmado ao GLOBO pela Secretaria de Comunicação de (PL), o governador retorna da agenda internacional em Portugal no domingo. Até o momento, ele não se pronunciou sobre a exoneração de Reis. A previsão é de que Castro e Reis se encontrem logo no início da semana.
Em entrevista à TV Globo, Reis disse que a decisão de Bacellar não tem valor e que o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) a tomou para "aparecer". Ele afirmou ainda que ouviu do próprio Castro, na noite de quarta-feira (2), que não seria demitido.
— O governador falou: 'Washington Reis, fica tranquilo, vai trabalhar'. E não foi surpresa esse comportamento. Até porque essa assinatura dele não tem valor nenhum. Ele não foi eleito, ele não é governador. O governador está voltando na segunda-feira, tenho uma ótima relação com o governador. Ele fez para aparecer. Se ele botasse uma melancia no pescoço, seria até mais plausível — disse.
Em Caxias, Reis se reuniu nesta manhã com o vice-prefeito do Rio, Eduardo Cavaliere (PSD), no projeto Fazenda Paraíso, voltado para a recuperação de dependentes químicos na cidade. No último domingo, o prefeito (PSD) esteve no local acompanhado do secretário de Transportes e de um dos irmãos dele, o deputado estadual Rosenverg Reis (MDB). Na ocasião, ele definiu Reis como “o professor dos prefeitos” e classificou a iniciativa como “exemplo”.
Exonerado por Bacellar
Washington Reis foi exonerado do cargo nesta quinta-feira (3) no primeiro ato oficial do governador em exercício, Rodrigo Bacellar. O presidente da Alerj justificou sua decisão alegando que o agora ex-secretário é "insubordinado" e que mal fala com ele.
— O motivo é bem simples: eu não posso ter como secretário um secretário que é insubordinado a mim, mal fala comigo. Uma vez assumindo esse posto aqui, preocupado inclusive com o RJ, você imagina só: um acidente agora, por exemplo, na Supervia, nas linhas de trem, e eu não consigo falar com o secretário porque ele é insubordinado a mim, mal fala comigo? Então, não restou outra alternativa senão excluí-lo do governo — afirmou Bacellar, em entrevista à TV Globo.
De olho na própria candidatura ao governo em 2026, Bacellar aproveitou o período como governador em exercício durante a ausência de Castro para publicar a exoneração de Reis, visto como concorrente na próxima corrida estadual.
A demissão ocorre após atritos entre Bacellar e Reis, que tem se aproximado publicamente do prefeito do Rio, Eduardo Paes, possível adversário de Bacellar nas eleições de 2026. Mais de uma vez, em declarações públicas, o emedebista deixou claro que não vai apoiar o presidente da Alerj para o Palácio Guanabara porque tem seus próprios "projetos políticos".
Nesta quinta, o posicionamento oficial do emedebista, frente à sua exoneração do cargo, gerou reações contundentes de apoio por parte da direita. Em um comentário nas redes sociais do emedebista, o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), escreveu que a "soberba precede à ruína", em tom de crítica à atitude de Bacellar. O parlamentar, nome do PL mais alinhado ao bolsonarismo, chamou o interino no governo do Rio de arrogante:
— A soberba precede a ruína. Se o sujeito faz isso sem ter sentado oficialmente na cadeira, imagina se fosse eleito. Política se faz com diálogo e não imposição. A arrogância desse cidadão é monstruosa e ele acha que a força, o dinheiro e cargos são tudo na política. O bom disso tudo é que ele não faz uma autocrítica e seus atos são autoexplicativos. A máscara está caindo cada vez mais. To contigo pra governador — escreveu Jordy.
O líder do Partido Liberal na Câmara, Sóstenes Cavalcante, também manifestou apoio a Reis, referindo-se a ele como "futuro governador":
— Estamos juntos meu futuro governador! — afirmou.