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Aliados de Lula não acreditam em saída de ministros do Centrão mesmo com ultimato de 30 dias de União e PP
Articulação do governo não vê cenário que possa levar Fufuca ou Sabino à expulsão de suas siglas

Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não acreditam que a proibição imposta por União Brasil e PP, de que seus filiados ocupem cargos no governo, motive a saída dos ministros Celso Sabino (União-PA) e André Fufuca (PP-MA). Em negociações internas, a cúpula das duas legendas sinalizou prazo de 30 dias para os ministros deixarem seus cargos.
Na avaliação de articuladores de Lula no Congresso, os partidos do Centrão estão blefando quanto à possibilidade de expulsão de dos ministros e fazem o movimento para agradar o ex-presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
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O presidente do União Brasil, Antônio Rueda, afirmou que, em caso de descumprimento da determinação, haverá afastamento dos filiados da legenda.
— Em caso de descumprimento desta determinação por dirigentes desta federação em seus estados, haverá um afastamento em ato contínuo. Se a permanência persistir, serão adotadas as punições disciplinares previstas no estatuto — disse Rueda.
Para o entorno de Lula, uma solução seria os ministros solicitarem licença das legendas.
Na terça-feira, as cúpulas nacionais do PP e do União Brasil decidiram vão proibir todos os filiados de ocuparem cargos no governo. O posicionamento foi chancelado em reunião da executiva nacional do União Brasil nesta quarta-feira. A decisão afeta ministros André Fufuca e Celso Sabino, porém, ambos resistem em deixar o governo e não dão sinais de rompimento com a gestão petista.
Em nota, assessoria do ministro do Esporte afirmou que Fufuca "cumpre rigorosamente sua agenda institucional". Deputado federal pelo Maranhão, Fufuca tem planos de concorrer ao Senado em 2026 com apoio de Lula no estado onde o petista fez 71% dos votos na eleição de 2022.
Já Celso Sabino foi chamado por Lula para um almoço nesta quarta-feira no Palácio da Alvorada. Além dele, participaram da conversa o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) e os ministros Waldez Góes (Integração Nacional) e Frederico Siqueira Filho (Comunicações). Sabino também tem planos de concorrer a uma vaga majoritária pelo Pará em 2026 na chapa com Helder Barbalho (MDB). De acordo com interlocutores, Lula já teria sinalizado a Sabino que o apoiaria na disputa. O entorno de Lula também acha improvável que Celso Sabino deixe o cargo a menos de 70 dias para a realização da COP 30 em Belém.
Na avaliação de auxiliares de Lula, os cenários regionais de Fufuca e Celso Sabino pesam mais que os acordos nacionais dos dirigentes das suas legendas e de que ambos ainda querem ter o petista em seus palanques no ano que vem. Para essa ala, o próprio cenário econômico, com inflação em queda e preço de alimentos baixando, além da popularidade de Lula crescendo, também pesa na avaliação dos ministros para permanecerem.
O Planalto tem buscado não dar holofotes à decisão do União Brasil e PP de desembarcar do governo. Um gesto nessa direção foi o fato da chefe da articulação política de Lula, a ministra Gleisi Hoffmann, não chamar as duas legendas para conversas após o anúncio, pelo contrário, cobrou fidelidade dos ministros que permanecerem no governo. Na terça-feira, Gleisi foi as redes sociais afirmar que "ninguém é obrigado a ficar no governo. Também não estamos pedindo para ninguém sair."
"Mas quem permanecer deve ter compromisso com o presidente Lula e com as pautas principais que este governo defende, como justiça tributária, a democracia e o estado de direito, nossa soberania. Precisam trabalhar conosco para aprovação das pautas do governo no Congresso Nacional. Isso vale para quem tem mandato e para quem não tem mandato, inclusive para aqueles que indicam pessoas para posições no governo, seja na administração direta, indireta ou regionais", disse a ministra.