Bebê que nasceu com cotovelo virado para cima surpreende ao evoluir sem cirurgia
A primeira tentativa foi o uso de talas feitas de ataduras e esparadrapo

João Pedro nasceu com uma condição rara e desafiadora, chamada artrogripose, que afetou a formação de suas articulações e o impediu de mover os braços e dedos. O que parecia ser um quadro sem esperança, no entanto, tomou um rumo inesperado.
Com tratamentos inovadores e uma recuperação impressionante, o bebê de Cachoeiras de Macacu, no Rio de Janeiro, está quebrando barreiras e desafiando a medicina. Em uma jornada que começou com um diagnóstico chocante e sem protocolos estabelecidos, João Pedro está surpreendendo a todos ao evoluir sem a necessidade de cirurgia. O que parecia impossível, agora, é uma realidade.
O desafio inicial: O diagnóstico surpreendente
Em maio de 2023, a mãe de João Pedro, Carla Penha da Silva, recebeu uma notícia inesperada. Durante o pré-natal, todos os exames indicavam um desenvolvimento normal.
O médico dizia que seu bebê estava "perfeito", mas ao nascer, João Pedro apresentou uma condição rara: os ombros voltados para baixo, os cotovelos para cima e os braços completamente enrijecidos. Ele não conseguia mover os braços ou os dedos, uma situação que gerou um grande susto para a mãe.
"Foi um choque. Eu queria entender o que era isso e como lidar com a situação", contou Carla à revista CRESCER. O diagnóstico era artrogripose, um distúrbio raro que provoca rigidez nas articulações, dificultando os movimentos.
A busca por tratamento: Inovações e avanços
O bebê foi rapidamente encaminhado ao Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), no Rio de Janeiro, onde começou a ser acompanhado pela terapeuta ocupacional Maria da Conceição Soares. A especialista ficou surpresa com a raridade do caso.
"Nunca vi algo assim antes. A posição dele é muito rara", explicou Maria, que teve que desenvolver um plano de tratamento do zero, já que não havia um protocolo para essa situação.
A primeira tentativa foi o uso de talas feitas de ataduras e esparadrapo, mas João Pedro teve uma reação alérgica, o que obrigou o retorno ao hospital. Foi então que a profissional criou uma órtese personalizada, feita com material leve e confortável, que evitava ferimentos e ajudava na recuperação.
À medida que o bebê crescia, as órteses foram sendo ajustadas para acompanhar as mudanças no posicionamento dos braços.
Além disso, João Pedro passou a realizar sessões semanais de fisioterapia para fortalecer os músculos e melhorar a mobilidade das articulações.
Superando expectativas: Uma evolução surpreendente
À medida que o tratamento avançava, a evolução de João Pedro foi surpreendente. Com 1 ano e 1 mês, o bebê foi capaz de realizar algo que parecia distante: pegar um copo, levá-lo até a boca e beber água sozinho. Para sua mãe, este foi um momento de grande alegria.
"Eu não acreditava que ele conseguiria fazer isso tão cedo. Ele pegou o copo e bebeu numa boa. Hoje, ele pega tudo e leva à boca sem dificuldade", relatou Carla.
A evolução também impressionou a terapeuta Maria da Conceição. "João Pedro já brinca, entra e sai do carrinho, leva a mão à boca, ao olho... Agora, estamos no estágio de refinamento", afirmou a profissional.
Maria trabalha atualmente em uma nova órtese para ajudar no alongamento do peitoral e na melhoria da postura do bebê.
O caminho ainda longo: Acompanhamento Constante
Embora os progressos de João Pedro sejam animadores, o acompanhamento médico e fisioterápico continua essencial. "Vamos começar a espaçar os atendimentos conforme ele crescer, mas o acompanhamento deve continuar até o final do seu crescimento", explicou Maria da Conceição.
Os estirões de crescimento que acontecem de 0 a 4 anos e de 10 a 14 anos são momentos críticos, e é nesses períodos que o acompanhamento se torna ainda mais importante. A evolução do bebê, no entanto, é motivo de esperança e um grande exemplo de como a ciência e a determinação podem superar as expectativas médicas.