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Festival de Cinema de Veneza é marcado por protesto histórico contra guerra em Gaza
Milhares de ativistas marcham em apoio ao povo palestino em uma das maiores manifestações já vistas no evento

O Festival Internacional de Cinema de Veneza se tornou, neste sábado (30), palco de uma das maiores manifestações já registradas em um grande evento do gênero. Milhares de ativistas pró-Palestina marcharam pelas ruas da cidade em protesto contra a ofensiva militar de Israel em Gaza.
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Entre os manifestantes, convidados do festival, estudantes, sindicalistas, artistas e público em geral, de diversos países europeus, carregavam bandeiras palestinas e de movimentos sociais, marcharam com bandeiras palestinas e cartazes pedindo o fim do que chamaram de genocídio, em línguas como inglês, italiano, francês e árabe. Apesar da seriedade do tema, o protesto teve clima de carnaval, com música, sinalizadores coloridos e performances artísticas, incluindo manifestantes em pernas de pau.
Organizadores e coletivos envolvidos na marcha afirmaram que o objetivo era pressionar o festival a se posicionar sobre a guerra em Gaza e dar maior visibilidade às vozes palestinas. “O Festival de Veneza não pode permanecer isolado da realidade, mas deve denunciar o genocídio em Gaza e oferecer apoio concreto ao povo palestino”, declararam em comunicado, citando bombardeios a hospitais, escolas e campos de refugiados, além da violência de colonos na Cisjordânia.
A marcha avançou em direção ao Palazzo del Cinema, próximo ao tapete vermelho onde seria exibido o filme "Frankenstein", do diretor Guillermo del Toro, mas a polícia italiana bloqueou o percurso a cerca de 300 metros do local. Nenhuma violência foi registrada, e os manifestantes permaneceram pacíficos. O protesto interrompeu serviços de transporte e atividades de divulgação de filmes em hotéis próximos, mas não houve incidentes.
O protesto ocorreu poucos dias antes da estreia mundial de "The voice of Hind Rajab", filme sobre uma menina palestina de 6 anos morta durante ataques militares israelenses. Figuras como Brad Pitt, Joaquin Phoenix e Alfonso Cuarón apoiam o filme como produtores executivos. Dias antes, mais de 600 artistas e cineastas internacionais, incluindo nomes como Ken Loach, haviam assinado uma carta aberta pedindo que a Biennale condenasse o que chamaram de “genocídio em Gaza” e garantisse espaço para histórias palestinas no festival.
O diretor artístico do evento, Alberto Barbera, afirmou que não irá desconvidar artistas convidados (os signatários da carta pediam a revogação de convites a celebridades favoráveis a Israel, como Gerard Butler e Gal Gadot), mas expressou sua tristeza pelas mortes de civis, especialmente crianças, e reafirmou a sensibilidade do evento às questões globais. “O sofrimento em Gaza é enorme e não podemos ignorar”, disse. Já o presidente do júri, Alexander Payne, optou por não comentar sobre o conflito, afirmando que seu papel é julgar cinema.
O protesto reforça o impacto político crescente do conflito em Gaza sobre a programação e a cobertura de um festival que, tradicionalmente, se mantém menos engajado politicamente do que outros eventos de cinema.