Polícia Civil prende dupla e desarticula megaesquema de falso financiamento com vítimas em todo o país
Batizada de "Contrato Cego", operação mira organização criminosa que lesou milhares de famílias prometendo casa própria imediata via consórcios. Prejuízo é estimado em milhões.
A Polícia Civil de Alagoas (PCAL) deflagrou nas primeiras horas desta quinta-feira (23) a Operação "Contrato Cego", com o objetivo de desmantelar uma organização criminosa especializada no golpe do falso financiamento imobiliário. O esquema, que utilizava contratos de consórcio disfarçados, lesou milhares de vítimas em todo o Brasil, gerando um prejuízo milionário.
A investigação, coordenada pelos delegados Dalberth Pinheiro e Michelly Santos, da Delegacia de Estelionatos, identificou impressionantes 3.734 processos judiciais relacionados ao golpe em território nacional, sendo 120 apenas em Alagoas, com fortes indícios de lavagem de dinheiro e crime organizado.
Durante a operação, foram cumpridos dois mandados de prisão e oito de busca e apreensão. Dois homens, de 25 e 34 anos, foram presos nos bairros do Benedito Bentes e Santa Lúcia, em Maceió. As buscas ocorreram em endereços localizados na Jatiúca, Farol, Serraria, Santa Lúcia e Benedito Bentes, resultando na apreensão de materiais cruciais para a continuidade das investigações.
O "Contrato Cego" e o golpe da casa própria
O nome da operação faz referência ao método utilizado pelos criminosos: eles induziam as vítimas, muitas delas em situação de vulnerabilidade financeira, a assinar contratos de consórcio, fazendo-os acreditar que se tratavam de financiamentos imobiliários com liberação imediata da casa própria após o pagamento de uma entrada (via Pix ou TED).
Na verdade, os contratos não garantiam a contemplação do imóvel, e as vítimas acabavam perdendo as economias de uma vida inteira com a ilusão da casa própria. A organização usava amplamente as redes sociais para divulgar anúncios fraudulentos e atrair novos lesados.
Para a Polícia Civil, a omissão intencional de informações essenciais viciava o consentimento das vítimas, caracterizando os crimes de estelionato e de organização criminosa. A ação desta quinta-feira mobilizou um grande efetivo, incluindo equipes da DRACCO, DINPOL, CORE e diversas delegacias especializadas e distritais da capital.